Programas de TV ainda não influenciam pesquisas no Distrito Federal
Até agora, nenhum candidato ao Palácio do Buriti mostrou quem realmente é
Hélio Doyle
atualizado
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Candidatos e seus estrategistas aguardam com ansiedade a pesquisa Datafolha que será divulgada nesta quinta-feira (6/9) pela Rede Globo. Embora alguns candidatos tenham suas próprias pesquisas, até diárias, e sondagens de outros institutos venham sendo divulgadas, as que a emissora apresenta em seus telejornais ganham mais repercussão entre os eleitores.
Além disso, a Globo, injustamente, só dá cobertura diária em seus telejornais aos que têm mais de 8% de intenção de votos nas pesquisas que contrata.
Há a expectativa de que alguns candidatos possam ter índices melhores nessa sondagem, devido principalmente à exposição nos programas eleitorais transmitidos pela televisão. Mas é preciso lembrar que poucos programas e inserções foram ao ar até agora, e será preciso esperar mais uns 10 dias para que comecem a repercutir efetivamente no eleitorado.
A pesquisa que será conhecida hoje, apesar das inevitáveis – e geralmente equivocadas – interpretações que serão feitas, não definirá ainda os ganhadores e os perdedores.
Os programas eleitorais dos que têm tempo suficiente para dizer alguma coisa têm sido sofríveis. Com exceção do de Alberto Fraga (DEM), que inovou ligeiramente no formato e tem um clipping que chama atenção do espectador, os demais seguem a fórmula tradicional candidato + emoção + povo fala + jingle, tão bem ironizada por Marcelo Adnet.
Veja abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=qq7w4ZlcKbs
A divisão desigual do tempo de TV entre os candidatos é uma das maneiras de beneficiar os grandes partidos e os políticos tradicionais, em detrimento de partidos menores e mais recentes.
O tempo desigual é também, para os que comandam os partidos, uma rendosa moeda: os segundos valem muito no mercado eleitoral que funciona no período em que se formam as coligações. Afinal, tempo é dinheiro – e, para os caciques partidários, muito dinheiro.
Quem não tem tempo se limita a dizer nome, número e alguma coisinha a mais. O candidato do Novo, Alexandre Guerra, procurou distinguir-se dizendo que tudo que se vê naqueles programas é mentira. Paulo Chagas, do PRP, pede ao eleitor que não vote em branco nem anule o voto.
Além de terem só alguns segundos, esses candidatos não são convidados para alguns debates e não aparecem nas coberturas diárias da Globo. São vítimas do círculo vicioso: não têm exposição porque têm índices baixos e não aumentam os índices porque não têm exposição.
Os que têm tempo, porém, estão desperdiçando-o com falas e promessas que não convencem, exaltações melosas à família e à vida humilde que tiveram e jingles óbvios – sendo que o de Júlio Miragaya (PT) é muito ruim. Alguns programas são bem produzidos tecnicamente, mas os candidatos não passam aos eleitores o principal: credibilidade e confiança.
Não é à toa que até agora haja enorme número de indecisos e eleitores que optam por não votar, e a impressão que se tem é de que os candidatos ou não entenderam o que está acontecendo ou estão acomodados porque sabem que algum deles se elegerá mesmo que com poucos votos válidos.
Fraga exibe o apoio de Jofran Frejat (PR); Rogério Rosso (PSD) tem atrás de si, no cenário, jovens de costas e fones de ouvido teclando em computadores (será a modernidade?!); Ibaneis Rocha (MDB) faz propostas genéricas; e Eliana Pedrosa (Pros) mostra um olhar firme, mas pouco conteúdo. Nenhum deles mostra quem realmente é, no momento em que a personalização da política é mais acentuada e as características pessoais se colocam acima das ideologias.
Já o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) leva um programa inteiro exaltando a ampliação e o atendimento do Hospital da Criança, como se fosse uma obra sua e o hospital fosse administrado por seu governo. Quem não sabe, acredita que foi realmente um hospital construído pela gestão de Rollemberg e que a seu governo se deve o excelente atendimento lá dispensado às crianças.
O Hospital da Criança é anterior a Rollemberg, e sua ampliação é um projeto que vem desde o governo de Agnelo Queiroz (PT). A obra foi realizada pela organização social que administra o hospital, com metade dos recursos liberados pelo GDF e metade pela Organização Mundial da Família (WFO). O governo repassa recursos financeiros para a manutenção do hospital, geralmente com atraso, mas não é a Secretaria de Saúde que administra o hospital.
Mas, em campanha eleitoral, vale tudo.