Por que precisamos de mais protagonistas femininas no cinema?
Nada contra os clássicos estrelados por homens, mas com licença, rapazes: chegou a nossa vez
Clara Campoli
atualizado
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A franquia Onze Homens e Um Segredo tem todos os elementos para rever: elenco estelar, roteiros divertidos, trilha glamourosa e performances fenomenais. Mas a série, remake de um filme de 1960 estrelado por Frank Sinatra, não faz qualquer justiça às suas personagens femininas. A única mulher presente no longa de 2001, por exemplo, é Tess (Julia Roberts), ex-namorada do protagonista.
Por mais que a ruiva seja reverenciada pelos vários homens à sua volta, é tratada como objeto em toda a produção. A motivação de Danny Ocean (George Clooney) gira em torno de não só reconquistá-la, mas de falir o homem com quem ela se relaciona. Depois de executar o golpe, o sedutor assaltante é preso por alguns meses. Seu amigo Rusty (Brad Pitt) vai buscá-lo na prisão e informa: “Seus pertences estão no carro”. No banco de trás, apenas Tess.
Há quem diga que Oito Mulheres falhe justamente em seu feminismo. De fato, é sofrível ver um filme com um elenco majoritariamente de mulheres sob a direção de um homem. Mas a mensagem neste longa é: o empoderamento muda a vida de mulheres. No caso, “poder” significa dinheiro: as ladras, com seus milhões, conseguem realizar sonhos e projetos. Ironicamente, a atriz Daphne Kluger (Anne Hathaway) torna-se uma diretora de cinema depois de ganhar a bolada.
Outros dois filmes recentes que refrescaram seus elencos com novas personagens femininas foram Ghostbusters (2016) e Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Neste último, o diretor George Miller teve a coragem de não só fazer uma história sobre mulheres, mas substituiu Mad Rockatansky (Tom Hardy) por Imperator Furiosa (Charlize Theron) no papel de protagonista do filme.
No caso de Ghostbusters, o reboot inverteu os gêneros nos papeis – as Caça-Fantasmas são mulheres, o secretário sonso é homem. Nos filmes originais, a mocinha Dana Barrett (Sigourney Weaver) serve para duas coisas: ser possuída por fantasmas e ser salva pelos amigos. Com quatro protagonistas fortes, o novo filme não é simplesmente uma troca de personagens, mas a conquista, por parte das atrizes e personagens da franquia, do controle sobre o próprio corpo. Qualquer representação que fuja dessas mudanças é retrocesso.
Clara Campoli é jornalista de Entretenimento e Gastronomia do Metrópoles