Pesquisa mostra que população se sente desamparada pelo Estado
Entre entrevistados, 70,4% acreditam que a saúde pública deve ser priorizada pelos futuros candidatos
Leandro Grass
atualizado
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Com 58 anos, Brasília vive um dos momentos mais importantes e críticos de sua história. Seguimos como uma das unidades da Federação mais desiguais do país, com forte concentração na oferta dos serviços públicos.
As crises do transporte público, da saúde e dos recursos hídricos sinalizam o tamanho do desafio que temos de solucionar o mais rápido possível. O que nos anima é saber que a população do DF está disposta a substituir velhos nomes e práticas, e dar lugar a pessoas jovens com capacidade de resolver efetivamente os problemas.Isso foi constatado em pesquisa feita em março pelo Instituto Ideia Big Data em parceria com o Movimento Agora!, que também apontou aspectos importantes sobre a tendência eleitoral dos brasilienses.
Segundo o levantamento, 56,5% dos cidadãos estão insatisfeitos com a gestão pública no DF. Ficou comprovado que a população se sente desamparada pelo Estado, tendo em vista que 70% acreditam que a maior prioridade dos representantes devesse ser as políticas focadas no povo, seguida do desenvolvimento justo e sustentável (53,4%).
Entre os entrevistados, 52,6% também considera que é preciso conferir maior poder ao cidadão, estimulando a participação social nas decisões do governo. Sobre o que deve ser prioridade dos candidatos nas eleições de outubro, 70,4% apontam a saúde pública como o elemento central.
Em seguida, vêm a segurança pública (67,3%), a educação (61,1%) e o transporte (52,9%). E mais: 67% consideram que as políticas públicas devam ser pautadas em evidências (dados, pesquisas, informações e experiências). Isso demonstra que propostas sem fundamentos não devem encontrar mais espaço na política do DF. Os políticos precisam, de uma vez por todas, voltar a focar no que é realmente importante para a população.
Outro aspecto importante é a preferência da população por candidatos jovens e preparados. Ao todo, 64% dos entrevistados disseram que votariam em alguém de até 40 anos de idade com preparo para exercer o cargo. Mais de 50% dos brasilienses consideram fortemente votar em pessoas com formação em gestão e política. E 81,5% querem políticos que defendam a maior participação dos cidadãos na política, com ações voltadas para o povo. Ou seja, a lógica dos interesses particulares está com os dias contados no DF.
Mais de 70% dos entrevistados se mostraram favoráveis à existência dos movimentos de ação política formados a partir da sociedade civil, como o Agora!, que reúne mais de 100 especialistas que constroem uma agenda de propostas para o país. Quase metade dos consultados revelaram que os movimentos são um bom caminho para renovar a política.
Ao que tudo indica, o DF pode ser vanguarda na ruptura com nomes e práticas que degradam a democracia. Brasília nasceu do sonho de grandes brasileiros como Niemeyer e Lúcio Costa, tendo a vocação de ser síntese do Brasil e antecipar no presente o futuro do país no chão desse cerrado.
Se a intenção for concretizada em ação, 2018 pode ser o divisor de águas na história da política do DF. Estamos diante da grande oportunidade de aposentar as oligarquias que dominaram a cena política de nossa cidade nas últimas décadas.
Essa jovem cidade merece representantes comprometidos com o seu futuro. Temos tudo para ser referência de boas práticas políticas para o restante do Brasil. Temos um povo criativo e que pode contribuir significativamente para solucionar os problemas que lhe afligem. Que a esperança nos faça gerar a boa política. Ela é serviço, é fraternidade! Precisamos dela para transformar e resolver agora!
Leandro Grass é professor e pesquisador nas áreas de sociologia, políticas públicas, cultura e educação. E coordenador regional do Movimento Agora!