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Pela defesa dos direitos da mulher dentro e fora do Itamaraty

Temos consciência dos desafios para superar as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho: na diplomacia, não é diferente

Autor Vitoria Cleaver

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Itamaraty
1 de 1 Itamaraty - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Historicamente, a diplomacia brasileira sempre esteve engajada na defesa dos direitos da mulher. Nossa convicção é de que a ampliação desses direitos e a promoção da igualdade de gênero são importantes pilares para a solidificação de uma sociedade mais justa. O combate à violência contra a mulher e o estímulo à participação das diplomatas na Casa são alguns dos temas profundamente discutidos pela Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical).

Temos consciência dos desafios para superar as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho e, na diplomacia brasileira, o panorama não é diferente. Sabemos que a representatividade feminina, em cargos de comando no Itamaraty, tem margem para crescimento. Há um longo caminho a ser percorrido até que possamos, na prática, identificar a implementação de medidas que promovam ainda mais o empoderamento feminino.

É fundamental relembrar que, durante a Conferência de São Francisco, em 1945, a diplomacia brasileira, por meio de Bertha Lutz, atuou como protagonista para a inserção do princípio da igualdade de direitos entre homens e mulheres na Carta das Nações Unidas. O documento que deu origem à ONU foi um dos primeiros tratados internacionais a mencionar em seu texto a necessidade de igualdade de gênero.

A continuidade de ações que estimulem a igualdade entre homens e mulheres e demonstrem nosso compromisso com a vigilância permanente de posturas de discriminação e de violência contra a mulher, dentro ou fora do Ministério das Relações Exteriores (MRE), é uma preocupação constante da ADB/Sindical.

Nesse sentido, comemoramos avanços como a criação do Comitê Gestor de Gênero e Raça, no MRE, cujas atribuições destacadas estão a capacitação de funcionários e a implementação de propostas para o aprimoramento da situação de gênero no ministério.

Além disso, ressaltamos as parcerias de nossa diplomacia com órgãos internacionais, a exemplo da que foi firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU). Importantes mecanismos de transversalização da perspectiva de gênero são discutidos pelo Comitê para o Fim da Discriminação contra Mulheres (CEDAW, em inglês), do qual o Brasil é signatário.

Com a comunidade brasileira no exterior, composta por mais de 3 milhões de cidadãos, buscamos atuar nas diversas e complexas situações envolvendo questões de gênero que ocorrem em todo o mundo. O MRE e a Fundação Alexandre de Gusmão reúnem representantes brasileiros de vários países para discutir questões como saúde feminina, violência doméstica, guarda de menores, imagens estereotipadas da mulher brasileira, entre outros temas

Tradicionalmente marcada pelo público masculino, a carreira diplomática brasileira deve orgulhar-se da ampliação da participação de mulheres. A última turma aprovada pelo Instituto Rio Branco é composta por 11 mulheres, em um total de 30 alunos. Esse dado é uma importante quebra do ciclo dos últimos dois anos, quando 70% das turmas eram formadas por homens.

Muitos esforços ainda precisam ser empenhados para conquistarmos a igualdade de gênero e a ocupação de mais cargos de liderança, mas o fato de termos mais mulheres dedicadas à representação do Brasil no exterior é motivo de orgulho e de esperança.

 

Embaixadora Vitoria Cleaver é presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical), formada em ciências jurídicas e sociais, pela Faculdade de Direito da PUC-RJ

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