O jogo ainda está aberto e não vale a pena apostar
Seis entre 10 eleitores do DF ainda não sabem com certeza em quem vão votar para governador
Hélio Doyle
atualizado
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Os eleitores brasilienses, em sua expressiva maioria, ainda não escolheram em quem vão votar para governador do Distrito Federal. O que há, até agora, são quatro candidatos que largaram na frente. Esses quatro – Eliana Pedrosa (Pros), Rodrigo Rollemberg (PSB), Rogério Rosso (PSD) e Alberto Fraga (DEM) – têm, por vários fatores, boas possibilidades de chegar ao segundo turno, mas pode ser também que algum deles nem sequer fique entre os quatro primeiros colocados.
A mesma pesquisa Datafolha que mostra esses candidatos à frente indica que a expressiva maioria dos eleitores brasilienses ainda não escolheu em quem vai votar e que os índices obtidos pelos quatro não estão consolidados. Quando os entrevistadores perguntam, sem citarem nenhum nome, em quem o eleitor vai votar, 57% dizem que não sabem e 16% anunciam que vão votar em branco ou anular. Ou seja, 73% dos eleitores não têm candidato.
Depois dessa pergunta, os entrevistadores mostram um disco com os nomes de todos os candidatos. Tomando conhecimento de quem são os postulantes ou se lembrando de nomes conhecidos e com os quais simpatiza de alguma forma, o eleitor que não citou ninguém na questão anterior aponta um deles, e aí o índice dos que não sabem cai para 8% e os brancos e nulos sobem para 24%.
Os que dizem espontaneamente o nome de seu candidato são considerados votos certos. Por isso, os números obtidos pelos postulantes ao Buriti na citação espontânea é que podem indicar os votos consolidados neles: Rollemberg, 8%; Pedrosa, 4%; Fraga e Rosso, 3%; Alexandre Guerra (Novo), Fátima Sousa (PSol), Paulo Chagas (PRP), Ibaneis Rocha (MDB) e Júlio Miragaya (PT), 1%. As intenções de votos declaradas quando os entrevistados veem a lista de candidatos têm mais possibilidade de mudar no decorrer da campanha eleitoral.
É exatamente porque os números sofrem variações durante as campanhas que as pesquisas são realizadas em períodos menores. Todos os que acompanham as eleições já viram alguém largar na frente e despencar, e quem está atrás subir vertiginosamente. Às vezes basta que o candidato cometa um erro ou sofra uma denúncia, para cair. Ou consiga criar um fato positivo ou apresentar uma proposta que o eleitorado aprove, para crescer.
As condições objetivas favorecem os candidatos mais conhecidos e que têm mais estrutura para a campanha e tempo de televisão. Mas o que decide as eleições são condições subjetivas – ditadas pela cabeça do eleitor –, que nem sempre acompanham as objetivas. Nas eleições para governador de Brasília há diversos exemplos:
– Em 1990, o então senador Maurício Corrêa, do PDT, lançou-se ao governo com uma grande coligação de centro-esquerda, enquanto o PT saiu, sozinho, com o desconhecido Carlos Saraiva e Saraiva. Dizia-se que Corrêa poderia ameaçar a eleição do favorito Joaquim Roriz, mas quem ficou em segundo lugar foi Saraiva.
– Em 1994, dava-se como certo que o senador Valmir Campelo (PTB), apoiado por Roriz, venceria no primeiro turno. Se houvesse segundo turno, seria contra a candidata do PSDB, Maria de Lourdes Abadia. O desconhecido Cristovam Buarque, do PT, que largou com menos de 3% e não teria chances, foi para o segundo turno e venceu.
– Em 1998, Cristovam, candidato à reeleição ao Buriti e com o governo bem avaliado, foi para o segundo turno contra Joaquim Roriz, por 42,67% a 39,23%. A vitória no segundo turno parecia certa, mas Roriz venceu por 51,74% a 48,26%.
– Em 2002, com oito candidatos na disputa, Roriz, buscando a reeleição, aparecia bem à frente de Geraldo Magela, do PT, mas a diferença de votos no primeiro turno foi de apenas 25.585. No segundo turno, foi ainda menor: 15.778.
– Em 2014, poucos acreditavam nas chances de Rodrigo Rollemberg, pois os favoritos eram o ex-governador José Roberto Arruda (PR) e o governador Agnelo Queiroz (PT), candidato à reeleição ao GDF. Arruda desistiu da candidatura, por impedimentos judiciais, e foi substituído por Jofran Frejat. Agnelo nem sequer foi para o segundo turno e Rollemberg derrotou Frejat.
Em eleições normais é muito difícil, 45 dias antes, assegurar resultados e dizer que fulano já ganhou e sicrano não tem chances – salvo casos óbvios. Em uma eleição tão diferente como a atual, e com a campanha recém-iniciada, dá para garantir apenas que Antonio Guillen (PSTU) e Renan Rosa (PCO) não vão para o segundo turno.