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O ataque à UnB é um ataque aos ideais democráticos

Homofobia, intolerância, falta de noção. Na noite da última sexta-feira (17/6), a Universidade de Brasília (UnB) foi palco de uma cena surreal. Em pleno Minhocão, no campus Darcy Ribeiro, cerca de 30 pessoas enroladas em bandeiras do Brasil, munidas de bombas e cassetetes, xingaram os alunos que passavam no local de vagabundos e drogados. Ao […]

Autor Thaís Cieglinski

atualizado

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1 de 1 unb-pontodevista - Foto: Mídia Ninja

Homofobia, intolerância, falta de noção. Na noite da última sexta-feira (17/6), a Universidade de Brasília (UnB) foi palco de uma cena surreal. Em pleno Minhocão, no campus Darcy Ribeiro, cerca de 30 pessoas enroladas em bandeiras do Brasil, munidas de bombas e cassetetes, xingaram os alunos que passavam no local de vagabundos e drogados. Ao som de cantos de apoio do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), acharam-se no direito de se indignar com o fato de os estudantes da universidade “gastarem dinheiro público”.

Uma das ativistas disse ser empresária e “pagar impostos caríssimos para manter gay parasita”. A senhora ainda arrematou sua fala se dirigindo a um estudante como “maconheiro safado”. A perplexidade diante do discurso de ódio foi quebrada pela explosão de bombas e pelo início de um tumulto rapidamente desfeito pelos seguranças da instituição.

Assisti ao vídeo igualmente perplexa. Era difícil acreditar que a universidade sonhada e idealizada por Darcy Ribeiro, modelo de vanguarda, havia sido invadida por pessoas munidas de ofensas rasas, radicais e preconceituosas.

Como cidadã e jornalista também pago impostos altos para manter, entre outros serviços do Estado brasileiro, estudantes nos bancos das universidades públicas. Não me importa se esses alunos são brancos, gays, cotistas, moram no Plano Piloto ou em Santa Maria, fumam maconha, são coxinhas ou petralhas. Para mim, basta saber que todos são selecionados de forma isenta e idônea.

Eu me irrito sim em saber que ajudo a bancar um sistema que elege figuras como o neofascista Bolsonaro. Nós brasileiros pagamos os salários desse senhor, dos assessores, o cafezinho servido no gabinete, as passagens que levam ele pelo país e a propaganda do Partido Social Cristão. Sim, meus impostos ajudam a propagar ideias como: “O erro da ditadura foi torturar e não matar”, “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”, “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida” e “Pinochet devia ter matado mais gente”.

Nem por isso acho que tenho o direito de invadir a Câmara dos Deputados com bombas para xingar e oprimir esse parlamentar. Deixo com o Ministério Público e com a Justiça a missão de denunciá-lo e condená-lo.

Nesta terça-feira (21/6), aliás, Bolsonaro sofreu derrota no Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte decidiu abrir duas ações penais contra ele, que responderá por incitação ao crime e injúria. Em 2014, ele afirmou, no plenário da Câmara, que não estupraria a parlamentar Maria do Rosário (PT-RS) porque ela “não merece”. Quem não merece ouvir tanta barbaridade é a sociedade brasileira, deputado.

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