Nelson Wilians: um personagem de poucos cliques e muita vaidade
Em programa de TV, o advogado Nelson Wilians mente para espectadores ao tentar se livrar de acusações
Lilian Tahan
atualizado
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Nesta quinta-feira (26/9), o advogado Nelson Wilians surgiu em um programa de TV mentindo para os espectadores.
A pretexto de falar sobre o caso da prisão de Gusttavo Lima, de quem, aliás, não é advogado, Wilians usou o espaço na TV para fazer um desagravo de si próprio.
Ele disse que foi vítima de matéria sensacionalista publicada em um portal. O portal é o Metrópoles. E a matéria é a seguinte: Coaf suspeita de lavagem em repasse de Nelson Wilians a um empresário.
Nelson Wilians não nega as afirmações. Mais que isso: confirma. Diz que seu nome aparece no relatório, mas em meio aos nomes “de trocentas outras pessoas”. Palavras dele. Como se aparecer em meio a uma multidão de suspeitos diluísse o peso de suas ações, que estão, sim, sob escrutínio.
E o advogado segue em sua resenha. Diz aos seus interlocutores que mandou uma sócia investigar por que seu nome surgiu em meio à reportagem do Metrópoles. Teria ele recebido, de sua emissária, a seguinte justificativa: “Meu nome foi citado porque gero muitos cliques”.
Em um Brasil de 212 milhões de habitantes, que formou menos de 1% de advogados, Nelson Wilians é um ilustre desconhecido.
Longe de se destacar como um bom advogado, Nelson Wilians busca o protagonismo promovendo festas nas quais autoridades se recusam a comparecer. Não por acaso, muitos de seus colegas se referem a ele como o advogado ostentação.
Uma das grandes vantagens do admirável mundo novo digital é que qualquer conteúdo pode ser mensurado em tempo real. As métricas não mentem, apontam com precisão instantânea quantas pessoas estão lendo cada uma das matérias publicadas no ambiente virtual. A partir desses dados, é rigorosamente possível afirmar que Nelson Wilians está longe de atrair muitos cliques.
Os números dele são minguados do ponto de vista do interesse público. Robustas mesmo somente a soberba, a arrogância e a movimentação financeira, agora sob o olhar atento do Coaf.
Como o Metrópoles revelou na segunda-feira (23/9), um relatório de inteligência financeira do Coaf anexado ao inquérito que investiga crimes de estelionato mediante descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados mostra que Nelson Wilians repassou, entre 2016 e 2022, por meio de sua conta pessoal ou de seu escritório de advocacia, R$ 15,5 milhões a um dos envolvidos com essas empresas suspeitas.
A investigação envolve o empresário, que já foi alvo de busca e apreensão em operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Lilian Tahan é CEO do Metrópoles