Não ter mandato ajuda Eliana, Ibaneis e Leila a liderar nas pesquisas
Eleitores dizem preferir candidatos desvinculados da política tradicional e parecem optar pelo que está mais à mão
Hélio Doyle
atualizado
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Quando foram derrotadas nas eleições 2014 para deputada federal e deputada distrital, respectivamente, Eliana Pedrosa (Pros) e Leila Barros (PSB) – a Leila do Vôlei – não imaginavam que isso as ajudaria, quatro anos depois, a liderar as disputas para o governo e para o Senado em Brasília. Para ambas, está sendo muito bom não ter exercido mandato parlamentar nos últimos quatro anos.
Não ser parlamentar está sendo positivo também para o advogado Ibaneis Rocha, que vem crescendo nas pesquisas e está em terceiro lugar, segundo o Datafolha, na corrida pelo governo. Pesquisas qualitativas realizadas desde 2017 vinham mostrando que, para os brasilienses, não ser senador, deputado federal ou deputado distrital é um ponto positivo.
Não se sabe se o deputado distrital Joe Valle sabia disso, mas se tivesse tido mesmo a intenção de se candidatar a governador – na verdade era um blefe, para se cacifar – ou a senador, mesmo na chapa de Jofran Frejat, como queria e não conseguiu, dificilmente seria eleito. Joe, como presidente da malvista e detestada Câmara Legislativa, é considerado responsável maior, com ou sem razão, pelas inúmeras mazelas daquela casa e isso viria à tona na campanha majoritária.
Frejat é outro exemplo de político beneficiado por não ter mandato parlamentar. Embora tenha sido deputado federal em cinco legislaturas, como Eliana foi distrital por três mandatos, não estava mais identificado pelos eleitores como político tradicional. Isso favoreceu sua imagem quando se colocou como possível candidato ao governo.
Eliana (Pros), Ibaneis (MDB) e Leila (PSB) não são realmente outsiders, o tipo desejado pelos eleitores para governá-los, segundo as pesquisas qualitativas, no quesito alguém sem os vícios da política tradicional. Há quem diga que os eleitores mostraram, nos grupos focais, um perfil de governante que não é coerente com as preferências mostradas nas pesquisas de opinião.
A resposta a essa contradição pode estar no fato de que os que poderiam ser verdadeiros outsiders ou não se lançaram candidatos ou estão concorrendo por partidos pequenos, sem estrutura, sem tempo na televisão e sem poder participar dos debates devido à legislação eleitoral, aprovada pelo Congresso justamente para impedir a renovação da política
Os outsiders, como Alexandre Guerra, do Novo, e o general Paulo Chagas, do PRP, não conseguiram a visibilidade necessária para se firmar competitivamente, e talvez por isso parte dos eleitores esteja optando pelos que mais se aproximam desse perfil. Eliana e Leila, embora com vida política partidária há algum tempo, estiveram fora das manobras políticas dos últimos e difíceis anos e estão mais próximas do modelo.
Já Ibaneis nunca disputou um mandato eletivo e não tem passado de política partidária. Não cumpre integralmente o perfil de outsider por estar no MDB – um dos partidos mais envolvidos em acusações de corrupção e fisiologismo – e ter a seu lado, na campanha, figuras exemplares da velha política, como o ex-deputado federal e ex-vice-governador Tadeu Filippelli.
Paradoxalmente, porém, é por estar no MDB que Ibaneis tem conseguido se destacar entre os primeiros colocados para o governo. Se estivesse em um partido como o Novo ou o PRP, ou outro sem as facilidades asseguradas por uma legenda de porte, talvez estivesse ainda no segundo pelotão de candidatos, os que têm menos de 5% de intenção de votos.
O pragmatismo, mesmo que Ibaneis não vença as eleições, parece ter valido a pena.