Não ir aos debates não tira votos, mas arranha a imagem de Ibaneis
Grande diferença nas pesquisas leva o emedebista a evitar confrontos com Rollemberg nesta reta final do segundo turno
Hélio Doyle
atualizado
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A grande vantagem que tem nas pesquisas de opinião parece estar dando ao candidato Ibaneis Rocha (MDB) tranquilidade para ousar: anunciou que não participará de mais nenhum debate nesta última semana de campanha e manifestou apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Nesta segunda-feira (22/10), Ibaneis não foi ao debate programado pela rádio CBN.
O mais provável é que essas duas decisões não levem à redução da intenção de votos que Ibaneis tem hoje. A manifestação pró-Bolsonaro até deve acrescentar apoios, mas contradiz o que Ibaneis tem defendido e feito ao longo de sua vida pública, como dirigente local e nacional da Ordem dos Advogados do Brasil.
A alegação de que seu oponente, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), tem aproveitado os debates para agredi-lo e acusá-lo em vez de apresentar propostas, parece apenas um pretexto para faltar aos debates. No primeiro turno, Ibaneis também agrediu e acusou os então adversários, chegando mesmo a apontar o dedo em riste para Eliana Pedrosa (Pros). E, no segundo turno, também tem atacado Rollemberg.
Não há estratégia que justifique a ausência em um debate ou sabatina, ainda mais no segundo turno. Passa a ideia de fuga ao confronto, arrogância e desrespeito ao eleitor. Mas é comum que candidatos que estão bem à frente nas pesquisas se neguem a participar, como tem sido o caso de Bolsonaro. As ausências raramente têm repercussão nas intenções de votos.
É verdade que há debates demais, em emissoras de todos os portes, jornais, entidades e faculdades, e isso não só cansa os candidatos como os retira das ruas, pois as regras fazem com que tenham de se preparar para fazer perguntas e réplicas e estudar bem os temas. Além disso, as falas dos candidatos estão repetitivas e os debates estão mesmo chatos.
A melhor solução, nesse caso, teria sido os candidatos tentarem racionalizar as presenças e acertarem, conjuntamente, de que debates participariam. Mas não tem sentido querer limitar os temas dos debates às tais propostas, que também estão se repetindo, pois os eleitores têm o direito de ver os candidatos se confrontando também em relação a outros assuntos, inclusive sobre suas trajetórias de vida.
Ibaneis não foi às sabatinas promovidas pelas duas mais importantes entidades do setor empresarial, as federações do comércio (Fecomércio) e das indústrias (Fibra). Disse, na ocasião, que não dava conta de ir a todas as sabatinas para as quais foi convidado. Mas nesta segunda-feira (22/10) foi à promovida pelo grupo empresarial Lide. No primeiro turno, quando era desconhecido, Ibaneis jamais recusaria um convite para debater ou ser sabatinado.