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Mudar a política passa pela Educação

Diante da falta de esperança e interesse por parte da população, só há um caminho para engajar e encorajar jovens desde cedo a participar

Autor Rafael Parente

atualizado

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Em pesquisa realizada recentemente pelo Ideia Big Data para o Movimento Agora!, um dado chama atenção sobre o impacto dos escândalos políticos nas próximas escolhas eleitorais: 57% dos brasileiros entrevistados acreditam que qualquer pessoa envolvida em corrupção e em operações como a Lava Jato, mesmo que não esteja condenada, não merece ter votos. Somado a isso, o levantamento revelou que um percentual ainda maior de brasileiros (79%) gostaria de ver cidadãos comuns, ou seja, de fora da política, como candidatos nas eleições de 2018.

Feita com mais de 10 mil entrevistados de todas as cinco regiões do Brasil, a sondagem expõe quase que uma total descrença do brasileiro em relação à política. Hoje, o cidadão dá claros sinais de que está exausto de testemunhar tantas trajetórias marcadas pela falta de ética, ineficiência e ausência de interesses coletivos. Os dados também alertam para a urgência necessária de uma renovação dos quadros políticos em todo o país.

Neste cenário, é importante lembrar que conquistamos, às custas do sangue e do suor de muitos, o direito ao voto. Mas a sensação da grande maioria continua sendo a de que não aprendemos a votar, a participar da vida pública e a fazer cobranças, que deveriam ser obrigação de todo eleitor. E, desta forma, o discurso da não participação no processo democrático vem ganhando cada vez mais força.

Diante da falta de esperança e interesse por parte da população, como engajar e encorajar jovens desde cedo para que participem e se envolvam na busca de um Brasil com mais igualdade e onde se sintam representados? Como formar o cidadão para entender que o voto é um dos principais instrumentos de mudança e pertencimento ao seu país? A resposta é simples: tudo passa pela Educação, desde pensar de forma clara e crítica, votar com consciência, até acompanhar as ações dos políticos eleitos.

A cidadania como um tema transversal na escola é fundamental para o exercício pleno da democracia e para a formação de jovens autônomos, solidários, éticos e comprometidos com a evolução de nosso país. Afinal, como esperar que estudantes se tornem adultos participativos na vida pública, se não são ensinados como fazê-lo?

Precisamos de novos modelos de escolas, currículos e sistemas educacionais; ir além das disciplinas tradicionais e desenvolver, de forma efetiva, competências e habilidades essenciais para a vida de todos os nossos alunos.

Já dispomos de diversas estratégias, metodologias e ferramentas que, se bem aproveitadas, podem auxiliar na qualificação da discussão e da atuação cívica. Uma delas, é o uso das novas tecnologias, que já estão sendo testadas em diversos países para isso. Se os brasileiros são recordistas mundiais no uso da internet e das redes sociais, por que não estamos fazendo uso disso para nossa Educação?

Só avançaremos quando criarmos e oferecermos metodologias e sistemas que auxiliem as redes educacionais a formarem jovens cidadãos críticos. O momento é agora!

* Rafael Parente é doutor em Educação pela Universidade de Nova York (NYU), CEO da Aondê/Conecturma e cofundador do Movimento Agora!.

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