“Leonexit”: A saída de Messi é mais dramática que a do Reino Unido
Após a derrota para o Chile, o craque argentino anunciou que não irá mais vestir a camisa albiceleste
Fernando Braga
atualizado
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Enganou-se quem pensava que a saída do Reino Unido da União Europeia, anunciada na última semana, seria o rompimento mais importante que veríamos nos últimos tempos. Num tom dramático e passional, assim, do jeito que os hermanos gostam, o maior jogador da atualidade Leonel Messi jogou a toalha e declarou que não irá mais defender as cores da seleção Argentina.
O anúncio, dito após o terceiro vice-campeonato seguido em dois anos e um pênalti perdido na final da Copa América desse domingo (26/6), contra o Chile, pode ter consequências muito mais impactantes do que as causadas pela recente decisão dos britânicos na Europa. Até porque as chances dos outros países do bloco econômico se saírem bem com a ausência da ex-aliada são consideráveis. Com o “Leonexit”, pobres dos nossos vizinhos.
Minha gente, estamos falando aqui de uma sentença que pode mexer com o emocional (tão profundamente abalado) de milhões de argentinos, causando uma ferida profunda no orgulho (seria possível?) de um povo e influenciando, em última escala, a retomada do crescimento de um país. Imagine o drama! :0
O primeiro a sentir o baque foi o companheiro de equipe Sergio Agüero. O atacante do Manchester City admitiu, ao deixar o vestiário, que provavelmente Messi não seja o único a se despedir da seleção. As baixas podem alcançar outros importantes nomes da equipe do treinador Tata Martino como Javier Mascherano e Gonzalo Higuaín.
O jornal esportivo Olé, sempre atento aos efeitos que o esporte bretão podem causar ao seus leitores, correu para acalentá-los e, claro, clamar pela permanência do meia. “Leo, é preciso que haja uma revanche”, defendeu o periódico. “O pranto desconsolado de um craque cujo o destino lhe nega um título com o uniforme albiceleste”, resumiu, como na letra de um tango, um jornalista.
Os torcedores argentinos, ainda com lágrimas nos olhos após a derrota para o Chile, invadiram as redes sociais para suplicar pela permanência do jogador. Até uma hashtag foi criada para unir o movimento: #NoTeVayasLio
Woow, qué triste imagen… Nadie sabe lo que tiene hasta que lo pierde, #NoTeVayasLio #NoTeVayasMessi pic.twitter.com/mTJeDYhTWq
— Catherine Fulop (@catherine_fulop) 27 de junho de 2016
Pero sabes que? Yo si les voy a contar a mis hijos que vi jugar a Dios.#NoTeVayasLio #Messi pic.twitter.com/DrHpM35C0A
— A.N.T.I.F.A.M.A ✌ (@ValuSolis87) 27 de junho de 2016
#NoTeVayasLio Messi no te des por vencido, seguí luchando hasta ganar lo que querés y para quien lo quieras ganar pic.twitter.com/RP7zKnsXyU
— Beatriz Zeballos (@ZeballosBea) 27 de junho de 2016
Me niego a que ésta sea la última foto de Lio con la Albiceleste. #NoTeVayasLeo #NoTeVayasLio pic.twitter.com/tcgtfPParg
— Burifa (@ElBurifa) 27 de junho de 2016
POR FAVOR, SE ME PARTE EL ALMA, QUEDATE MESSI #NoTeVayasLio pic.twitter.com/XNNvSMCVI8
— promise (@elianaknecht) 27 de junho de 2016
Nadie JAMAS va a ocupar sus lugares #NoTeVayasMasche #NoTeVayasLio
— Micalesita (@MicaMaggini) 27 de junho de 2016
Brincadeiras e exageros à parte, é possível compreender todo o sentimento vivido por Messi. A pressão em cima de seus ombros é enorme. De uma maneira muito mais intensa do que ocorre, por exemplo, no Brasil. Os argentinos depositam na esquadra albiceleste todas as esperanças por bons momentos que não se veem há tempos em outras esferas da nação.
Afinal, é difícil entender como um craque que ganha tudo com a camisa do Barcelona não consegue comandar a equipe de seu país em um modesto torneio com adversários tão abaixo da média. É claro que a Argentina não tem nomes como Iniesta, Neymar e Suárez, mas não dá para minimizar a força de um conjunto que conta com Di María, Lavezzi, Higuaín e Agüero.
Nem mesmo o maior ídolo argentino, Diego Maradona, sai em sua defesa. Recentemente, “el pibe” afirmou que Leonel não tem personalidade para ser um líder da seleção. Os torcedores, apesar de amá-lo, cobram um título que não veem há 23 anos.
Sim, deve ser difícil para Messi. Imagine só como ele deve se sentir ao se deparar com “mestres” do futebol brasileiro como Afonso Alves, Beto “Cachaça”, Odvan e Cris na galeria dos vencedores da competição sul-americana. Mas isso foi em outros tempos. Atualmente, seria uma sorte ver alguns alguns jogadores da Seleção Brasileira anunciando aposentaria diante de um fiasco. Oportunidades não faltaram.
O “Leonexit” é um exagero? Claro. De cabeça quente já vimos muitos atletas falarem coisas que se arrependeram e depois tiveram que recuar. Deixando a rivalidade de lado, os defensores do bom futebol devem, sim, torcer pela permanência do craque. Até porque não é sempre que temos a oportunidade de ver gênios em ação. No referendo dos torcedores, a decisão já está tomada. Em um esporte tomado por tantos pernas-de-pau, me junto ao coro: #NoTeVayasLio