Juliano Costa Couto deixa legado de amor e lealdade à advocacia
Juliano Costa Couto presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) de 2016 a 2018. Ele morreu neste domingo (28/4)
Tatielly Diniz*
atualizado
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Um sorriso largo, um aperto de mão forte, uma memória extraordinária. Juliano Costa Couto era um gigante, de estatura miúda, com um coração e simpatia fora do comum. Ele sabia de cor o nome de mais de 10 mil advogados. Era assustador acompanhá-lo, parando a cada metro e cumprimentando os advogados e amigos por nome e sobrenome.
Juliano trouxe frescor à OAB-DF enquanto presidente de 2016 a 2018. Uniu jovens e veteranos de uma maneira jamais vista na advocacia brasiliense.
Mineiro, se orgulhava das raízes, mas a alma também pertencia a Brasília. Filho de Ronaldo Costa Couto e Virginia, era orgulho em pessoa. Marido de Aline, de quem era um eterno apaixonado. Quantas e quantas declarações públicas vimos dele. Era lindo de se ver. Pai amoroso e exemplar de Gustavo e de Manu, enchia os olhos de lágrimas ao falar dos filhos.
Busquei palavras que pudessem descrever Juliano e, acreditem, são muitas. Mas acredito que lealdade e alegria seriam as mais apropriadas. Cumpridor de sua palavra, isso também é um de seus grandes legados.
Incansável
Fui assessora de comunicação de Juliano de 2016 a 2018. Como gestor, era extremamente exigente, workaholic, mas de um respeito e uma humanidade fora do comum.
De pensamento rápido, Juliano era dotado de algo incomum entre homens, ele fazia mil coisas ao mesmo tempo. Despachar com ele era um show à parte, pois seu telefone tocava a cada minuto. E a todos, eu digo todos, ele bradava: “Bom dia, excelência. A que devo a honra?”.
Eu falei da memória, não é mesmo? Juliano sempre tinha um causo a contar sobre os amigos e nunca deixava de perguntar sobre a vida das pessoas. Ele realmente se importava com o próximo.
Lembra o que eu disse sobre alegria? Juliano soube da doença e a encarou com muita maturidade e reserva. É que Juliano não gostava de causar preocupação aos amigos. Não queria que sentissem pena ou o tratassem de forma diferente. Ele nunca parou de trabalhar, era incansável, combatente e apaixonado pela advocacia. Até mesmo sentindo fortes dores, ele estava lá. Firme, sorridente e atencioso com seus pares.
Como gestor, deixou inúmeros legados frente à presidência da OAB/DF, mostrando comprometimento com a idoneidade da instituição e o empenho em realizar uma administração transparente, eficiente e, principalmente, que fosse a “Casa da Advocacia”, em suas palavras.
Na aprovação de contas de sua gestão, recebeu moção de louvor, demonstrando que as anuidades pagas pelos profissionais da advocacia do Distrito Federal haviam sido bem aplicadas com resultado em avanços concretos no apoio à classe. Reproduzo aqui sua fala: “A OAB tem o papel de contribuir para que possamos nos orgulhar do presente e enxergar um futuro melhor para as futuras gerações de advogados”.
Projeto Seccional Itinerante
Juliano fez algo nunca visto na advocacia, criou o Projeto Seccional Itinerante. Todas às quartas-feiras passávamos o dia em fóruns, salas da advocacia e Subseções de todas as regiões administrativas. Ele era um excelente ouvinte e gestor. Sentava e ouvia atentamente cada pedido, reclamação ou mesmo desabafo. Ali mesmo já ligava para a sede e exigia a resolução. O projeto também levava os serviços que só existiam na sede para outros lugares, tais como certificação digital, protocolo, comissão de seleção, Caixa de Assistência, entre outros, para que os advogados não precisassem se deslocar até a sede.
“Nossa gestão tem investido na modernização das Subseções para atender, de forma cada vez melhor, os advogados e advogadas que militam no Distrito Federal. Também investimos na reforma das salas de oitivas dos principais presídios do DF para possibilitar a melhor estrutura possível à advocacia criminal. Tudo isso sempre com responsabilidade administrativa e orçamentária. A aprovação de nossas contas com louvor é a comprovação de que estamos no caminho certo”, afirmou quando era presidente da OAB/DF, Juliano Costa Couto, durante sua prestação de contas ainda em 2018.
Quis aqui trazer suas próprias palavras, para que vocês possam recordar o espírito do gestor Costa Couto.
Escrevo este breve perfil com lágrimas nos olhos e com muita saudade do meu querido e eterno chefe, presidente e amigo. Uma pessoa ímpar, apaixonada pela vida, por sua família, pela advocacia, pelo Mengão e por seus amigos. Juliano merecia viver e realizar muitos planos, mas Deus o quis pertinho dele. A nós, resta a saudade e a eterna admiração.
* Tatielly Diniz é jornalista e amiga