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Jornalismo, a voz de quem não tem voz

O grande trabalho da imprensa é dar visibilidade àqueles prejudicados pelas injustiças ou manipulados pelo sistema

Diretor-superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira, dá orientações a quem pretende empreender

atualizado

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Jornalista, estudante de comunicação
1 de 1 Jornalista, estudante de comunicação - Foto: Divulgação

A corrupção é inerente ao ser humano. Independentemente da cultura ou mesmo do nível de renda de uma sociedade, a corrupção está presente como sedução para alcançar o que não se tem ou que se quer mais.

Por isso, a formação e os princípios são os principais remédios para evitar que o pecado da adoração ao dinheiro, à riqueza e ao poder se transformem no único ou principal objetivo de sua vida. Existe uma diferença entre a vontade de ser rico e o dinheiro como consequência por suas conquistas.

As Sagradas Escrituras, na epístola de Timóteo, nos dizem que “os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição”.

A corrupção é apenas uma das armadilhas. Não é a riqueza que faz o pecador, mas é o desejo incontrolável de a ter, a qualquer custo, que o deixa vulnerável às mazelas da vida.

A série japonesa A Jornalista, da Netflix, retrata a luta de uma profissional determinada na busca pela verdade. Ao descobrir a sedução da corrupção de autoridades do governo japonês, a obstinada jornalista descortina o impensado desvio de quem deve buscar sua liderança para servir e não ser servido pela sociedade.

Pior que se deixar seduzir para se apropriar do que não é seu, é a luta para calar aqueles que não têm voz, utilizar do poder do Estado para impedir os que são vítimas de clamarem por justiça. O trabalho da jornalista não é a busca pela condenação daqueles que cometeram crimes. Para isso, existem as autoridades policiais, o Ministério Público e o Poder Judiciário.

O grande trabalho do jornalismo é dar voz àqueles que não a possuem, os que são prejudicados pelas injustiças ou manipulados pelo sistema. Essa é a luta do bom jornalismo.

A série japonesa mostra como o sistema pode ser utilizado para oprimir e calar aqueles que querem dar voz à verdade. O sistema, quando envolvido para manipular na defesa de interesses pontuais, é capaz de muitas crueldades.

O uso da máquina do Estado na investigação de vidas pessoais para ameaças, achaques, serve apenas à ganância de quem tem no dinheiro dos outros a sua perspectiva de vida. Mas esse é um caminho de final infeliz.

O amor ao dinheiro é a origem de toda a espécie de males, como prega a Sagrada Escritura na epístola de Timóteo. A cobiça pelo dinheiro dos que detêm o poder desvia o Estado da defesa da sociedade e impõe aos liderados a submissão às vontades dos líderes.

Essa luta contra um sistema de valores invertidos e contaminados pela avareza de seus condutores não dá chance à sociedade sem que haja um jornalismo livre e comprometido com a verdade. Na série japonesa, um jornaleiro optou pela profissão de jornalista após perceber o bem que poderia fazer ao dar voz àqueles que precisam e que são oprimidos em sua dor.

Não se muda o mundo sem mudar a nós mesmos. E o despertar da missão para aqueles que têm o compromisso com o coletivo em detrimento do individual é a porta para um mundo melhor, mais justo e mais humano. E essa não pode ser a missão de um só, mas a obstinação de todos. Quanto mais consciência coletiva, menos será necessária a defesa da voz de quem sofre calado.

Na série, ao exercer a primeira oportunidade de escrever sobre alguém que sofria com os impactos do desemprego no Japão, rotulados de alienados ou que não tinham interesse pela política, o novo jornalista ouviu uma grande lição.

A jovem entrevistada mostrou o desejo de ver os líderes preocupados com a sua dor e dedicados a políticas públicas que atendessem à necessidade dela. Não era a pauta de conflitos, mas um sonho de ter unidos o jornalismo, os agentes públicos e o cidadão em prol de uma sociedade melhor. O desejo é simples e de todos.

Feliz a nação que tem uma democracia forte e uma imprensa livre para se orgulhar. E feliz o povo que não precisa do jornalismo para ter voz que clame pela sua dor.

  • Valdir Oliveira é superintendente do Sebrae no DF

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