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Joe Valle busca uma saída para ele e para o PDT

No domingo (29/7), Rollemberg esteve na fazenda do pedetista para tentar convencê-lo a aceitar aliança com o PSB e se candidatar ao Senado

Autor Hélio Doyle

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Em março, há quatro meses, portanto, os possíveis candidatos a governador do Distrito Federal eram Rodrigo Rollemberg (PSB), Jofran Frejat (PR), Izalci Lucas (PSDB), Alírio Neto (PTB), Joe Valle (PDT) e Alexandre Guerra (Novo). Só Rollemberg e Guerra continuam, pois Frejat e Valle desistiram, Alírio será candidato a vice-governador, e Izalci, apesar das inúmeras afirmações de que só aceitaria ser candidato ao governo, vai disputar uma cadeira no Senado.

Frejat está recolhido à sua casa, tendo se limitado nos últimos dias a manifestar apoio à candidatura do deputado Alberto Fraga (DEM) ao governo, na mesma chapa de Izalci. Joe Valle, porém, às vésperas da convenção de seu partido, continua tentando encontrar uma saída para o buraco em que se meteu e para o qual levou o PDT ao renunciar à candidatura, tentar se juntar, sem sucesso, à coligação então liderada por Frejat e lançar o ex-distrital Peniel Pacheco ao Palácio do Buriti.

Valle fez o PDT romper com Rollemberg e se colocou como candidato desde o fim do ano passado. Diziam que não era para valer, que ele seria mesmo candidato a deputado federal, mas Valle logo começou uma errática e confusa busca de aliados. Fez, inicialmente, acordo com o distrital Chico Leite (Rede), candidato ao Senado, para estarem na mesma chapa.

Procurou o PT, mas, diante de reações contrárias em seu partido, recuou e saiu, ao lado do senador Cristovam Buarque (PPS), que quer ser reeleito, à procura desenfreada de aliados, sem qualquer preocupação com identidade política e ideológica.

Farofada
Em fevereiro, Cristovam e Valle promoveram uma reunião com vários partidos, do PCdoB ao PRB, para montar uma chapa que se opusesse a Rollemberg e pudesse enfrentar o grupo que, então, reunia Frejat, Tadeu Filippelli (MDB), Izalci, Alírio Neto e Fraga. A farofada político-ideológica, como foi chamada, não avançou por muito tempo, até porque, na verdade, o que Valle queria mesmo era ser candidato ao Senado na chapa de Frejat, de preferência tendo Cristovam na disputa pela outra cadeira. A farofada era para ter mais cacife nas negociações.

Em 8 de março, a candidatura de Valle foi festivamente lançada na sede do PDT, com a presença do candidato a presidente da República Ciro Gomes e do presidente do partido, Carlos Lupi. Mas o desânimo de Valle era visível a olho nu. Menos de um mês depois, no início de abril, ele anunciou o que já se comentava há alguns dias nos meios políticos: a desistência da candidatura. Mas não ficou só nisso, pois disse publicamente que a única possibilidade que aceitaria seria disputar o Senado na chapa de Frejat.

Para desistir, Valle alegou a oposição da família e dos sócios da empresa de que é dono. Então, Lupi reuniu a Executiva regional do PDT – que não arrisca um só passo sem a aprovação dele – e anunciou que havia dado ao presidente da CLDF o período de uma semana para repensar ou viabilizar a aliança. Esse prazo foi sendo sucessivamente estendido por Valle, que não conseguia concretizar o que queria: as candidaturas dele e de Cristovam ao Senado na chapa de Frejat.

Já Lupi não forçava uma decisão porque Ciro Gomes, da mesma forma atabalhoada de Valle antes da opção por Frejat, acenava com alianças com PSB, PT, PR e PP. Para Lupi, era bom que o PDT de Brasília não definisse um rumo, pois posteriormente poderia ter de recuar em função da aliança nacional que fosse definida.

Como Valle tem maioria da Executiva, inclusive com a presença de funcionários de seu gabinete no colegiado e domínio sobre os dois deputados distritais, conseguiu apoio para sua busca de aliança com Frejat. O presidente local, George Michel, favorável à candidatura própria, aceitou disciplinadamente a decisão de Lupi e da Executiva. Um grupo favorável à candidatura própria se organizou, mas não alterou o quadro. E assim Valle conseguiu manter o partido paralisado até final de junho, quando finalmente reconheceu que não teria como estar na coligação de Frejat.

Manobra
A essa altura, já se falava da aliança do PDT com o PSB, em benefício da candidatura de Ciro Gomes, e o governador Rollemberg anunciava publicamente seu apoio ao candidato trabalhista. Para tentar impedir que o partido viesse a se coligar com Rollemberg, o grupo de Valle passou a defender ardorosamente a candidatura própria, lançando o ex-distrital Peniel Pacheco para o governo e ele para o Senado.

Peniel começou a se movimentar, mas logo sentiu que sua candidatura não era para valer. Da parte de Lupi, que esperava o apoio do PSB, não conseguiu manifestação de apoio que lhe desse segurança, inclusive para fazer alianças. E Valle simplesmente desapareceu, não tomando uma só iniciativa que se espera de um candidato ao Senado. O que unia os pedetistas, ligados ou não a ele, era a rejeição à aliança com Rollemberg.

Como Valle se isolou em sua fazenda, o governador e o secretário Valdir Oliveira – irmão de Chico Leite – foram até lá no domingo (29/7) para tentar convencê-lo a aceitar a aliança com o PSB e se candidatar ao Senado. Não tiveram sucesso, e Valle, sentindo seu desprestígio no partido, disse que estava com dúvidas e pensava em não ser candidato a qualquer cargo. Os contatos com a candidata Eliana Pedrosa (Pros), porém, já vinham sendo feitos pelo ex-distrital Fábio Barcellos, amigo pessoal dela e que, inclusive, já a havia levado para conversar com Lupi.

Valle viu na chapa de Eliana a possibilidade de viabilizar a dobradinha com Cristovam na mesma coligação, dando assim uma saída para o PDT e para ele próprio, já que a aliança com o PSB havia sido descartada. Não lhe agradava a ideia de ser candidato numa chapa pura do partido, sem aliados e com mínimas perspectivas de vitória, mas se recusasse aumentaria mais as críticas a ele na legenda.

Tentou, então, convencer Cristovam a abandonar a aliança com Rogério Rosso (PSD) e se juntar a Eliana Pedrosa. Recebeu um não categórico. Até sábado (4/8) continuará tentando encontrar soluções para os problemas que ele mesmo criou.

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