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Ibaneis nega promessa de nova política ao nomear distritais derrotados

Governador eleito entrega empresa estatal e agência reguladora a correligionários do MDB

Autor Hélio Doyle

atualizado

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Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
Ibaneis_aeroporto
1 de 1 Ibaneis_aeroporto - Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Os conceitos e a caracterização da chamada nova política não estão suficientemente sistematizados nem conformam um manual acadêmico. Há entendimentos variados e diversos sobre eles, alguns são óbvios, outros são vagos ou pouco explícitos. A nova política não é nem de esquerda nem de direita, embora a direita tenha tido muito mais competência para se apropriar dela e com isso obter a significativa vitória eleitoral nas últimas eleições.

Um dos candidatos que se valeu de conceitos da nova política para se eleger foi o advogado Ibaneis Rocha, em Brasília. Ao contrário de políticos tradicionais que não conseguiram acompanhar as mudanças na sociedade, Ibaneis soube interpretar corretamente os sentimentos e expectativas dos eleitores e se elegeu com um discurso profundamente crítico às velhas práticas dos velhos políticos, dos quais fazia questão de se mostrar distante.

Nem mesmo o fato de estar filiado ao MDB, partido altamente envolvido com a corrupção nacional e distrital, abalou o crescimento de Ibaneis na campanha eleitoral. Os adversários, principalmente o governador Rodrigo Rollemberg, mostraram as ligações do emedebista com o líder local do partido, Tadeu Filippelli, e outros políticos brasilienses envolvidos em suspeitas, inquéritos, denúncias, processos e condenações. Sem resultado, como se viu.

Ibaneis negava categoricamente ligações com o MDB – partido que seria apenas o instrumento necessário para a candidatura –, com Filippelli e até com o presidente Michel Temer. Ansiosos pelo “novo” e rejeitando os políticos tradicionais, os eleitores minimizaram a filiação de Ibaneis ao partido que é símbolo da velha politicagem e votaram em peso nele, no primeiro e no segundo turno.

Política arcaica
O governo ainda não começou, e o futuro governador terá muito tempo para mostrar que realmente pretende aplicar conceitos da nova política em sua gestão, mas algumas decisões que tem tomado não indicam isso.

Ibaneis tem prestigiado, direta e indiretamente, o que há de pior na política brasiliense, e seu secretariado está repleto de ministros e outras pessoas vinculadas ao governo Temer e ao ex-presidente José Sarney – duas das maiores expressões nacionais do velhíssimo modo de fazer política e dos piores métodos para governar.

Desprezando a Lei de Responsabilidade das Estatais, que veda a presença de políticos militantes na direção de empresas públicas, o governador eleito nomeou para a presidência da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal, o Metrô-DF, o ainda deputado distrital Wellington Luiz, do MDB. O parlamentar, derrotado nas últimas eleições, nada entende de transportes e muito menos de metrô, e sua experiência administrativa se restringe à presidência do sindicato dos agentes policiais e à vice-presidência da Câmara Legislativa.

Na Adasa, outro emedebista
Mas como o que é ruim pode piorar, Ibaneis premiou outro distrital derrotado nas eleições, Raimundo Ribeiro – também do MDB –, com um cargo de diretor da Adasa, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal. Pelo que se diz, Ribeiro será indicado para a presidência da Adasa quando terminar o mandato do presidente Paulo Salles. Ribeiro é advogado e foi secretário de Justiça e Cidadania.

Para ser fiel à sua proposta de renovação da política, que conquistou os eleitores, Ibaneis, entre outras coisas, não deveria nomear políticos militantes e filiados a partido para a direção de empresa estatal e muito menos de agência reguladora. Há em Brasília quadros técnicos competentes e qualificados para esses cargos. Os políticos devem cuidar da política e podem ser secretários, como os também derrotados Laerte Bessa (PR) e Éricka Filippelli (MDB).

Qualquer um que acompanha os acontecimentos no país conhece os efeitos nefastos da deterioração financeira, administrativa e ética das empresas públicas e das agências reguladoras dominadas por políticos, diretamente ou por meio de seus indicados para cargos de direção e em conselhos administrativos. Essa história não deveria se repetir em Brasília.

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