Hoje é um dia quente, com Ibope e debate na Globo
Pesquisas influenciam voto no final da campanha e debates ainda têm seu peso
Hélio Doyle
atualizado
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Esta é uma terça-feira (2/10) muito importante para os candidatos a governar Brasília: tem divulgação de pesquisa do Ibope e debate entre sete deles, às 22h, na Globo. Por mais que se desacredite as pesquisas e se reduza a relevância dos debates na televisão – e não sem razão –, ambos os eventos têm, queira-se ou não, alguma influência no eleitorado a menos de cinco dias para a eleição. Negar isso é desconhecer como se dá o processo de definição do voto ou fingir, por interesse, que desconhece.
As pesquisas têm o efeito de direcionar o chamado voto útil nos últimos dias de campanha eleitoral. Muitos eleitores, indecisos ou sem firmeza em suas intenções de voto, veem quem são os mais bem colocados e votam neles. Ou para tentar impedir a vitória de outro candidato, ou para levar para o segundo turno alguém que possa vencer o oponente (votos contra), ou para “não perder o voto”, um comportamento eleitoral sem sentido, mas que existe e é comum.
O voto útil não é dado só para presidente da República e para governador. Há eleitores que deixam de votar em seu candidato preferido ao Senado, por exemplo, e votam em outro para que um terceiro não seja eleito. Ou porque seu candidato não tem, segundo as pesquisas, chances de estar entre os primeiros e o eleitor não quer perder o voto. Há voto útil também para deputado, esse menos influenciados por pesquisas.
Os debates na televisão também têm peso no final da campanha, mesmo que a maioria do eleitorado não assista a eles. Audiência pequena em TV, e especialmente na Globo, é sempre muita gente assistindo, e o que acontece nos debates repercute na imprensa, para o bem e para o mal, e é replicado nos dias seguintes, nas redes sociais, ao gosto de quem edita o material de campanha.
Candidato que quer mesmo ganhar uma eleição não se recusa a participar dos debates e se prepara intensamente para o confronto. Não basta ter conhecimento sobre os temas, esgrimir fatos e números. É essencial saber perguntar, saber responder e saber replicar, no conteúdo e na forma. O candidato tem de estar descansado e concentrado, não perder a atenção, estar bem vestido para a ocasião, manter a postura correta e evitar caras e bocas que possam ser usadas contra ele. Tem de saber até mesmo quando e como pedir direito de resposta.
Redes sociais
Esta é uma eleição diferente, no Brasil e em Brasília, e isso é reconhecido por todos que a acompanham, nas mais diversas posições. Está mostrando, entre outras coisas, que o tempo de propaganda na televisão não é mais tão importante, que as batalhas entre candidatos são travadas é nas redes sociais e até que os debates são vistos com menos interesse pelos eleitores. Os políticos tradicionais e a política estão desacreditados e os embates entre eles na televisão ou no rádio são vistos como encenações de cúmplices ou brigas de sujos e mal-lavados.
Em eleição não há um fator único para nada. A boa campanha, assim como o crescimento ou a queda na intenção de votos, depende de diversos fatores. Também a vitória ou a derrota se devem a inúmeros fatores, nunca se ganha ou se perde por uma única razão. Tudo indica que as entrevistas e sabatinas realizadas por jornalistas com os candidatos e a cobertura diária de eventos de campanha tiveram importância especial nesta eleição, ao lado das redes sociais. Não dá, porém, para desprezar os debates, a propaganda na TV e a influência das pesquisas. Cada um com seu peso específico.