Há 20 anos, Brasília não é a capital do rock: cidade exporta variedade
Rap, eletrônico, sertanejo e MPB fazem do Distrito Federal um lugar de vários ritmos
Luiz Prisco
atualizado
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Antes de começar, é preciso dizer: Renato Russo e a turma da colina são gênios que colocaram a então jovem Brasília na rota cultural do Brasil. Isso já garante à Legião Urbana, ao Capital Inicial e à Plebe Rude lugar no coração dos nascidos no quadradinho.
Ocorre que Brasília cresceu, modernizou-se e expandiu (apesar da chatérrima Lei do Silêncio) seus horizontes musicais. Insistir no Distrito Federal como a “Capital do Rock” é um reducionismo anacrônico: há pelo menos 20 anos, o ritmo sozinho não faz a cabeça do pessoal por aqui.
Os motivos são variados: há poucas casas dedicadas ao gênero (com exceção feita ao Toinha, reduto de resistência); a Lei do Silêncio castra o som das baterias e guitarras; o Porão do Rock, infelizmente, perdeu força; e, no Brasil como um todo, o ritmo enfraqueceu.
Caros saudosistas que bradam o fim da música “de qualidade” no DF, permitam-me discordar. Apesar do (quase) desaparecimento do rock, Brasília segue exportando talentos
Nos fim dos anos 1990, o reggae do Natiruts encantou o Brasil, transformando os surfistas do Lago Paranoá em referencia do ritmo pais afora.
Nas regiões administrativas, o movimento hip-hop revelou artistas de peso: GOG, Japão, Câmbio Negro e DJ Jamaika puxaram a fila. Atualmente, o rap é representado pelo fenômeno Tribo da Periferia, Flora Matos e o popular Hungria – dono de 1,4 milhão de ouvintes mensais no Spotify.
O que falar da força de Ellen Oléria, vencedora do The Voice Brasil 2012? Intérprete e compositora dona de uma brasilidade maravilhosa, unicamente capaz de surgir em Ceilândia – um polo agregador de gente de todo o Brasil. Não à toa, a potente voz canta de Cássia Eller a Jorge Ben Jor.
Atualmente, o goiano-brasiliense Alok – nascido em Goiânia, mas formado em música na capital da República – é o maior expoente da música pop brasileira. Das pickups do 5uinto aos palcos do Tomorrowland, ele arrasta multidões por onde passa.
Bom, isso sem falar no sertanejo, representado pelas duplas Pedro Paulo & Matheus e Cleber & Cauan – além dos inúmeros artistas que batalham nas boates e casas noturnas.
Ufa! Com tantas opções e cenas, Brasília mudou de patamar: merece ser a capital da música!
Luiz Prisco é editor de Entretenimento e Gastronomia do Metrópoles