metropoles.com

Governo Bolsonaro escolhe nomes para confundir luta por direitos

Porta-vozes informais da nova ordem antiesquerdista podem ser de grupos socialmente vulneráveis, mas negam a luta por direitos igualitários

Autor Luciana Lima

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Facebook
Camargo diz que afirmação de jornalista foi "injúria racial"
1 de 1 Camargo diz que afirmação de jornalista foi "injúria racial" - Foto: Reprodução/Facebook

Uma das grandes armas do governo de Jair Bolsonaro tem sido a escolha de seus porta-vozes informais. Em meio à ideologia antiesquerdista da nova ordem, os nomeados para algumas das mais importantes funções no país e até em representações internacionais gozam de característica comum: representam grupos socialmente vulneráveis, como negros, mulheres e índios, mas negam a luta por direitos igualitários construídos por décadas no país.

As posições do novo presidente da Fundação Palmares, por exemplo, mostraram mais uma vez essa face. Sérgio Nascimento de Camargo é jornalista e militante de direita e assumiu a presidência do órgão responsável promoção da cultura afro-brasileira. Em sua face está estampada sua principal qualificação para o cargo: é negro.

Camargo, no entanto, defende posições de dar um nó na cabeça de quem luta por afirmação em uma sociedade na qual o cabelo crespo é “ruim”, que confina o negro em áreas periféricas das grandes cidades e que tem uma polícia que define, pela aparência, a culpa. Ele nega a existência do racismo, defende o fim do Dia da Consciência Negra, já disse que a escravidão foi benéfica para os descendentes e pregou a extinção do movimento negro.

Embora em áreas diferentes, Camargo cumpre para o governo Bolsonaro a mesma função que cumpriu a youtuber indígena Ysani Kalapalo, levada à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas pelo presidente brasileiro, que usou sua imagem para legitimar a sanha de mudar as leis brasileiras que impedem a mineração em terras indígenas. Moradora de São Paulo, a “índia de Bolsonaro” também confunde olhares mais desatentos ao comungar com o fim das demarcações das terras para seu povo.

A mesma lógica se estende à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que ora ofende a luta pela igualdade entre os gêneros com a definição de “menina veste rosa e menino veste azul”, ora se coloca como vítima do silêncio imposto ao seu grupo social: o de mulher. Para denunciar a falta de voz, ficou calada justamente diante de microfones, gravadores e câmeras de TV, todos dispostos a ouvi-la na entrevista em que ela mesma, uma mulher com voz, convocou.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?