Esta eleição no DF não será mesmo igual àquelas que passaram
Os blocos azul e vermelho, tradicionais na disputa pelo Buriti, se dividiram em 12 candidaturas
Hélio Doyle
atualizado
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Terminou a fase de classificação e, finalmente, já se sabe quem serão os candidatos a governador do Distrito Federal. A próxima etapa, a campanha eleitoral, começa em 16 de agosto com 10 homens e duas mulheres disputando as duas vagas para a final, que terá início em 8 de outubro. Um recorde nas eleições locais, pois nunca houve tantos candidatos e foi tão difícil dizer quem são os favoritos.
Esta eleição não será igual àquelas que passaram. Acabou a polarização de um candidato azul contra um vermelho, com mais um da terceira via e dois ou três para marcar posição. Os antigos azuis agora estão divididos em quatro chapas, uma ou duas delas com tonalidades leves de vermelho. Os vermelhos mais vermelhos têm quatro chapas puras, sem mistura. Os vermelhos mais rosados têm uma chapa esverdeada. E, correndo por fora, um general, um major e um empresário que nunca foram azuis, muito menos vermelhos.
A briga entre os 12 será para definir quem vai para o segundo turno. Com a fragmentação dos dois blocos tradicionais, presume-se a dispersão dos votos de modo ainda imprevisível. A elevada rejeição aos políticos tradicionais pode carrear votos para candidatos que não se enquadram nesse perfil. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato à reeleição, terá os outros 11 postulantes atacando sua gestão.
Até há poucos dias, tudo indicava a polarização entre Rollemberg e Jofran Frejat (PR), mas Eliana Pedrosa (Pros) vinha correndo por fora e se colocando como “terceira via”. Com a desistência de Frejat, não dá para dizer qual dos remanescentes do bloco azul, criado por Joaquim Roriz em 1990, é o que tem mais condições de ir para o segundo turno.
O PT, que comandava o velho bloco vermelho, venceu duas eleições e foi vice em três, viu seus tradicionais aliados se dispersarem. Agora, sai sozinho, sem coligação. O PSB de Rollemberg levou com ele o PCdoB e ainda os verdes Rede e PV. O esquerdista PPL, próximo do PMDB em um passado recente, está com Ibaneis Rocha (MDB), nunca antes azul, mas cujo partido é comandado pelo grão-azul Tadeu Filippelli. Os três partidos vermelhões, de extrema-esquerda – PSol, PSTU e PCO – lançaram chapas integradas apenas por seus filiados.
O PDT, vermelho desbotado, continua confuso: anunciou pela manhã aliança com a azul Eliana, mas pode terminar o dia com o PSB. O Pros, partido de Eliana, aliou-se nacionalmente ao PT e o chefão pedetista, Carlos Lupi, poderá impor a adesão a Rollemberg, que tem reiterado apoio a Ciro Gomes.
Um general, Paulo Chagas (PRP), um major, Paulo Barreto (PRTB), e o empresário Alexandre Guerra (Novo) terão de se tornar mais conhecidos e mostrar as propostas para governar Brasília. Como são de partidos pequenos, assim como os três da extrema-esquerda, entram em desvantagem perante os demais, que dispõem de mais recursos e tempo de televisão. Mas, nesta eleição tudo é possível.
Quem se arriscar a cravar os dois candidatos que vão para o segundo turno ou é adivinho bem-sucedido ou é adepto de um deles, querendo promovê-lo. Geralmente, o governador que tenta a reeleição vai para o segundo turno, pelo peso da máquina e da caneta, mas não dá para assegurar que Rollemberg esteja garantido – o exemplo de Agnelo Queiroz, aliás, é recente. Não dá também para dizer quais dos azuis vão se destacar dos demais e ir para a fase final, e não se pode descartar a possibilidade de ser dois deles.
O PT, embora muito desgastado, tem um eleitorado fiel e se conseguir 15% dos votos pode, devido à fragmentação, ir para o segundo turno. Ninguém pode garantir também que não vai haver surpresa de algum candidato que corre por fora, mesmo com as desvantagens decorrentes da legislação eleitoral que privilegia os grandes partidos.
Com 12 candidatos, sendo seis deles de grandes partidos e coligações, a diferença entre eles, no primeiro turno, pode ser muito pequena. E ainda há a previsão de grande quantidade de abstenção de eleitores, voto em branco ou nulo. Tudo pode se esperar dessa eleição, que realmente não está sendo e não será igual às que passaram.