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Está difícil saber como será o governo de Ibaneis Rocha

Movimentação na transição, indicação de secretários e atitudes do futuro governador levam a mais dúvidas do que certezas

Autor Hélio Doyle

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Homem de terno azul sentado em sofá
1 de 1 Homem de terno azul sentado em sofá - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

É uma incógnita. Essas são as palavras aparentemente mais pronunciadas quando se pergunta qual a expectativa diante do governo de Ibaneis Rocha. O período de transição tem dado várias indicações sobre o estilo e o modo de agir do futuro governador, assim como, em menor escala, de alguns dos secretários anunciados. Já é possível vislumbrar também quais as forças políticas que estão se agrupando em torno de Ibaneis e que influência terão em sua gestão.

Apesar dessas indicações, continua a incógnita. É difícil prever como será o governo de Ibaneis. Há sinais confusos e contradições no que tem acontecido até agora. O próprio Ibaneis, por exemplo, demonstra firmeza e capacidade de decisão, características positivas e opostas às do governador Rodrigo Rollemberg. Por outro lado, tem se mostrado impulsivo, voluntarioso e desorganizado, o que não é nada bom para quem tem de administrar uma cidade de 3 milhões de habitantes.

Ao mesmo tempo em que fala em novas práticas políticas, o futuro governador anuncia que estarão em seu governo algumas pessoas altamente comprometidas com os velhos métodos. Há, inclusive, acusados de práticas escusas. Nas salas em que funciona a equipe de transição, circulam, mostrando autoridade, políticos acusados pelo Ministério Público e pela polícia, alguns processados pela Justiça, assim como outros, “limpos”, mas notoriamente ligados a notórios fichas-sujas.

Há futuros secretários que conhecem bem a cidade e seus problemas, mas há outros que nada sabem de Brasília e provavelmente nunca passaram dos limites do Plano Piloto. Na verdade, essas pessoas relativamente desconhecidas dos brasilienses, como era Ibaneis até o início da campanha eleitoral, são incógnitas ainda maiores do que o governador eleito.

Ibaneis tem demonstrado disposição para dialogar, mas a cada anúncio de nome para o governo se sucedem reclamações e protestos de pessoas e grupos que não foram ouvidos, embora ligados ao tema. Aceitou a perigosa e corporativista prática de listas tríplices da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, mas não da Polícia Militar. Convocou derrotados nas urnas para postos importantes, o que não é bem visto por vitoriosos

Outra contradição é a promessa de pagar reajustes salariais e equiparação da remuneração de policiais civis à dos policiais federais e, com justificativa que não se sustenta – a de que isso vai reativar a economia –, anunciar a redução de impostos que, na verdade, oneram os segmentos mais ricos da sociedade. Por mais que anuncie recursos prometidos pelo governo federal, que termina quando ele tomar posse, e acene com improvável folga orçamentária, Ibaneis enfrentará dificuldades financeiras que parece não estar prevendo.

O sentimento de que o futuro governo é uma incógnita é natural, não só pelo que se vê e não se vê na transição como pelo fato de que Ibaneis está conhecendo agora os meandros da política partidária e começando a entender o que é um governo e sua máquina administrativa. É um novato em política e em governo, e as únicas referências que apresenta são a interessante história de vida, a bem-sucedida trajetória profissional, a experiência política e administrativa na Ordem dos Advogados e a administração de um grande escritório de advocacia.

Sabe-se que o melhor e mais gratificante período para um presidente ou governador eleito é o que vai desde a proclamação dos resultados até o dia da posse. Não há ainda a responsabilidade de governar, o eleito é aplaudido e adulado, vitoriosos e derrotados procuram se aproximar dele para obter seus nacos de poder, há muitas festas e rapapés. A transição, embora trabalhosa, não é ainda o governo.

A maioria dos brasilienses está na expectativa de que Ibaneis faça um bom governo, depois dos fracassos e das decepções nos últimos nove anos. Muitos estão otimistas, outros já dão como certo que a velha política e os velhos esquemas prevalecerão, e há os desconfiados de que as coisas não estão começando bem. Mas, para a maioria, Ibaneis é ainda uma incógnita.

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