Eleitores indecisos e inseguros ameaçam candidatos
A maioria dos brasilienses ainda não decidiu em quem vai votar e 54% podem mudar o voto
Hélio Doyle
atualizado
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Há muito mais nas pesquisas de opinião do que os números geralmente divulgados pela imprensa, e os candidatos e seus assessores devem andar ocupados examinando e analisando cada um deles. Os cruzamentos das intenções de votos com os perfis dos eleitores – recortados por nível de estudo, renda, gênero, local de moradia –, por exemplo, permitem verificar em que segmentos e áreas os candidatos vão bem ou mal.
Alguns candidatos também fazem suas pesquisas quantitativas e qualitativas, que não são divulgadas, e os mais abonados têm à disposição trackings pelos quais acompanham diariamente sua evolução e a dos adversários. As pesquisas divulgadas nos últimos dias, feitas por institutos diferentes em datas próximas, mostram coerência entre elas, embora os números, naturalmente, não sejam os mesmos. O único dado um pouco discrepante são as intenções de voto em Ibaneis Rocha (MDB), de 3%, 4% e 7% em três pesquisas.
Os candidatos têm boa noção, assim, de sua situação na disputa. Sabem aproximadamente qual a intenção de votos que têm no momento, onde estão esses votos e o quanto são rejeitados pelos eleitores. Se fazem qualitativas, sabem o que está indo bem e o que está indo mal nas suas campanhas e nas dos concorrentes. A questão é transformar o conhecimento obtido com as pesquisas em estratégias adequadas para chegar ao resultado que querem. Alguns conseguem, outros não.
É interessante, assim, que sejam considerados alguns números, obtidos na pesquisa Metrópoles/FSB, divulgada nessa terça-feira (11/9), e que embolam ainda mais o cenário da eleição para governador. Além de 60% dos eleitores não terem citado nenhum nome quando perguntados se têm candidato ao governo, apenas 54% dos que, apresentados à lista de concorrentes optaram por um deles, têm certeza de votar nele.
Índices
Ou seja, 43% dos eleitores que declararam votar em um dos candidatos ainda poderão mudar o voto, o que aumenta o nível de incerteza no cenário eleitoral. Como 48% dos que manifestam intenção de votar em Eliana Pedrosa (Pros) dizem que a decisão é definitiva, ela pode contar, com certeza, com 9,6% dos eleitores. Dos que escolheram Rodrigo Rollemberg (PSB), 60% disseram que não mudarão o voto, o que dá a ele segurança quanto a 9%.
É interessante observar que o número de eleitores que dão certeza do seu voto aproxima-se dos que já se manifestam espontaneamente por um candidato quando são indagados sem a apresentação de nomes. Na lista a seguir, estão, ao lado do candidato, as intenções estimuladas de votos, as intenções espontâneas, o índice dos que votarão com certeza neles e o resultado obtido com a aplicação desse índice na intenção estimulada.
Eliana Pedrosa: 20% — 12% – 48% = 9,6%
Rodrigo Rollemberg: 15% — 10% — 60% = 9%
Alberto Fraga (DEM): 11% — 6% — 46% = 5%
Rogério Rosso (PSD): 10% — 5% — 47% = 4,7%
Ibaneis Rocha: 3% — 1% — 42% = 1,2%.
Prazo
Em 25 dias de campanha ainda há muita margem para a movimentação dos números dos candidatos a governador, especialmente dos que vão participar de debates e sabatinas e estarão nas coberturas em horários nobres.
Está repetitivo dizer isso, mas as pesquisas têm dado indicações de uma tendência — a liderança de Eliana Pedrosa — que precisa de mais alguns dias para ser confirmada, e os mais bem colocados continuam embolados. A maioria dos eleitores ainda não decidiu em quem vai votar e muitos que parecem ter decidido podem mudar o voto.