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Eleição de Erika Kokay já é lucro para o PT

Dificilmente Miragaya estará entre os primeiros, mas petistas ainda acreditam

Autor Hélio Doyle

atualizado

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O economista Júlio Miragaya está correndo o risco de ser o mais mal votado candidato do PT ao governo de Brasília desde a primeira eleição, em 1990. Dirigentes e militantes do partido, a 32 dias do pleito, não acreditam que Miragaya consiga chegar ao recorde negativo de 20,07% de votos obtidos pelo então governador Agnelo Queiroz quando tentou a reeleição, em 2014. O mesmo Agnelo é, paradoxalmente, o candidato do PT que alcançou os mais altos índices, em 2010: 48,41% no primeiro turno e 66,10% no segundo turno.

A diferença de desempenho de Agnelo em quatro anos explica, em parte, o grande desgaste sofrido pelo PT no Distrito Federal. Eleito com dois terços dos votos em 2010, Agnelo teve sua gestão muito mal avaliada pelos eleitores e não conseguiu sequer chegar ao segundo turno em 2014. Para piorar, foi preso e está sendo acusado de ter cometido graves irregularidades, especialmente as relacionadas com a construção do estádio Mané Garrincha e do centro administrativo em Taguatinga.

Ao desgaste local do PT, soma-se o nacional. O partido sofre as consequências das operações contra a corrupção, principalmente da Lava Jato, e seu maior líder, Lula, está preso em Curitiba. Embora Lula tenha, no país, índices de intenção de votos que poderiam vir a elegê-lo presidente da República, tem também alta rejeição, que em Brasília ganha números ainda maiores.

Como pesquisas indicam que o eleitorado petista em Brasília esteja na faixa de 10% a 12%, há no partido a esperança de que Miragaya consiga chegar a esse patamar. Diante da profusão de candidatos a governador, se conseguir criar uma onda positiva e subir um pouco mais, animam-se alguns militantes, Miragaya poderá até passar para o segundo turno.

Isso, porém, é improvável, a não ser que o PT tenha algo forte e surpreendente para mostrar nos próximos dias de campanha. A campanha do PT não está empolgando, embora tradicionalmente seja um partido “de chegada”, que cresce nos últimos dias, e Miragaya, apesar de bem preparado, não consegue se comunicar adequadamente com os eleitores e vê teses de seu partido defendidas por outros candidatos, como Fátima Sousa (PSol) e Ibaneis Rocha (MDB).

Federal é prioridade
O PT estará no lucro, em Brasília, se a deputada federal Erika Kokay for reeleita. Essa é a prioridade definida nacionalmente para o partido, que pretende formar uma boa bancada na Câmara dos Deputados, e a eleição em Brasília é parte desse projeto. Para governador, o PT decidiu investir apenas nos estados em que tem chances reais de vencer: Acre, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

Mas, embora muito provável, a eleição de Erika não é considerada tranquila. Espera-se que ela ocupe, com mais de 100 mil votos, uma das oito cadeiras em disputa, sem atingir o quociente eleitoral. Mas os demais 15 candidatos da chapa petista não estão entre os nomes mais conhecidos do eleitorado e podem não somar muitos votos à legenda.

Dirigentes nacionais do partido estão insatisfeitos diante dessa situação: entendem que, se a prioridade é eleger deputado federal, os que têm possibilidades de ter mais votos deveriam estar na chapa, para somar. Mas não é isso que acontece. Mais interessados em se eleger do que em servir de escada para a eleição de Erika, os principais quadros petistas disputam a eleição para deputado distrital.

Aí a briga será grande, pois espera-se que o PT eleja no máximo três deputados distritais, e na chapa estão Arlete Sampaio (que já foi vice-governadora, deputada distrital e concorreu ao governo), Chico Vigilante (deputado distrital há vários mandatos, e já foi federal), Geraldo Magela (foi deputado distrital e federal, e candidato derrotado ao Senado e ao governo), Roberto Policarpo (foi presidente do partido e deputado federal), Ricardo Vale (que é distrital) e Rodrigo Britto (presidente regional da CUT).

Os candidatos ao Senado são o distrital Wasny de Roure e o professor universitário Marcelo Neves, que disputa eleição pela primeira vez. Wasny está entre os cinco primeiros nas pesquisas e tem recebido apoios de políticos de outros partidos. Neves, pouco conhecido, tem uma carta de Lula manifestando apoio a ele. Ambos reclamam que o PT não apoia financeiramente suas candidaturas que, afinal, não são prioritárias para o partido.

Altos e baixos
O PT surpreendeu os brasilienses em 1990, na primeira eleição para governador, quando o desconhecido médico Carlos Saraiva ficou em segundo lugar, com 20,27% dos votos, superado pelo eleito Joaquim Roriz e à frente do senador Maurício Corrêa (PDT), que liderava uma frente de partidos de centro-esquerda.

Na eleição de 1994, Cristovam Buarque teve 37,18% dos votos no primeiro turno, atrás de Valmir Campelo (PTB), e ganhou a eleição com 53,89%. Em 1998, Cristovam ganhou de Roriz no primeiro turno, com 42,67%, mas perdeu no segundo turno com 48,26%.

Em 2002, o então deputado Geraldo Magela foi para o segundo turno contra Roriz com 40,87%, mas perdeu com 49,38%, apenas 15.778 votos de diferença. Na primeira eleição depois do episódio conhecido como “mensalão”, em 2006, Arlete Sampaio ficou em terceiro lugar, com 20,93%.

Agnelo Queiroz venceu bem em 2010, com 48,41% no primeiro e 66,10% no segundo turno, mas em 2014, ao tentar a reeleição, teve apenas 20,07%. Se Miragaya conseguir esse índice agora, poderá estar no segundo turno.

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