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Desmistificar para avançar: a reinjeção de CO² nos reservatórios petrolíferos

O que se pretende é garantir o melhor aproveitamento dos recursos energéticos brasileiros, com respeito à segurança e ao meio ambiente

Autor Tiago Homem

atualizado

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Agência Brasil
gás natural
1 de 1 gás natural - Foto: Agência Brasil

O Brasil foi agraciado pela natureza com uma variedade de recursos energéticos. É um país rico em petróleo, energia hidrelétrica, eólica, solar e biomassa. Ou seja, uma potência energética que colocou o país na liderança mundial da exploração de petróleo em águas ultra profundas e na vanguarda da matriz energética limpa.

Essa geologia privilegiada oferece grandes reservas petrolíferas, mas não deu ao Brasil significativos volumes de gás. Quando comparadas as reservas do Brasil com as da Rússia ou dos Estados Unidos, constata-se uma capacidade 110 vezes maior para os russos e 37 vezes, para os norte-americanos.

Além disso, a maior parte do gás brasileiro está localizado em águas profundas e ultra profundas, distantes da costa, o que requer altos investimentos para chegar ao mercado consumidor. Enquanto isso, Rússia e EUA produzem em terra, com malhas de transporte extensas e já amortizadas, e, portanto, com custos significativamente inferiores.

Dito isso, temos uma oferta nacional da ordem de 40 milhões de m3 de gás natural por dia atualmente. Com grandes esforços da Petrobras e de outras empresas do setor, essa oferta deve chegar ao patamar de 60 milhões de m3/dia em 2027, segundo estudo da EPE.

Este aumento inclui a entrada de novos campos de petróleo e gás e de novos gasodutos para escoar a produção, lembrando que o incremento previsto ajuda a substituir a produção de campos já em declínio natural. Esse volume não atende integralmente a demanda de gás do país. Por isso, é necessário importar gás da Bolívia via gasoduto e de outros países por meio de navios de Gás Natural Liquefeito – GNL.

Alta tecnologia

Este é o volume que o país dispõe para atender, de fato, às necessidades reais da população e do mercado. Para viabilizar essa produção a 300 km da costa e, muitas vezes, a 6 mil metros de profundidade, são empregadas soluções de alta tecnologia e análises de reservatórios que consideram milhares de cenários para implementar o melhor projeto do ponto de vista técnico, de segurança e de maximização da oferta de recursos para o país.

Cada projeto é aprovado pela ANP antes de sair do papel. É a chancela do governo federal para que a concessão dada pelo Estado tenha o melhor aproveitamento possível para a sociedade brasileira.

E o que a Petrobras faz com o gás produzido? Em primeiro lugar, devemos lembrar que a maior parte do gás produzido no Brasil vem associado ao petróleo em campos do pré-sal com grande teor de gás carbônico (CO²). Isso significa que, para produzir o petróleo do pré-sal, obrigatoriamente é extraído gás natural e CO² entranhado no óleo.

Esse CO² que vem com o óleo não deve ser liberado na atmosfera por provocar efeito-estufa. Logo, precisa ser reinjetado e o gás natural é justamente o veículo que leva o CO² de volta aos reservatórios. Com esta operação realizada continuamente nas diversas plataformas do pré-sal, a Petrobras executa o maior processo de captura de carbono do mundo.

Outro aspecto que merece destaque é que, devido às condições específicas do pré-sal brasileiro, a reinjeção de gás proporciona um aumento na produção de petróleo e, portanto, gera maiores receitas e, consequentemente, maior arrecadação de tributos aos governos nos seus diferentes níveis, sendo a melhor solução para a sociedade.

Em projetos grandes como algumas plataformas do Campo de Búzios, na Bacia de Santos, a arrecadação de tributos poderia reduzir em até 25% se não houvesse reinjeção.

Vale lembrar novamente que a melhor alternativa de produção de projeto é aprovada pela ANP nos planos de desenvolvimento de cada campo e a empresa operadora tem obrigação de cumprir. Portanto, a reinjeção vem sendo feita conforme projetos aprovados pela ANP.

E aprovados também na governança das empresas parceiras (a maioria dos campos é operado pela Petrobras, porém em parcerias com outras grandes empresas). Sem injeção de gás, devido a menor produção de petróleo, alguns destes projetos não seriam sancionados pelas empresas (Petrobras e parceiras), devido aos indicadores econômicos piorarem bastante.

Uma menor parte da produção é reinjetada por falta de mercado consumidor, um caso específico do sistema isolado da região Norte. Outra parte pequena da reinjeção se deve a limitações temporárias da capacidade de escoamento do pré-sal, que serão sanadas com a implantação do gasoduto da Rota 3 prevista para o próximo ano.

Por fim, destacamos o caráter técnico da decisão de reinjeção de gás nos reservatórios. O que se pretende é garantir o melhor aproveitamento dos recursos energéticos brasileiros, sempre com respeito à segurança e ao meio ambiente, de forma a contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

  • Tiago Homem é gerente executivo de Reservatórios da Petrobras

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