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Desenvolvimentistas do próprio bolso mentem para defender o PPCub (por Luiz Estevão)

De olho no lucro, Ademi-DF e Sinduscon-DF mentem ao dizer que população prevista para o Plano Piloto seria de 500 mil habitantes

Autor Luiz Estevão

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles. @igoestrela
Fotografia colorida aérea de posto de combustível no Plano Piloto, em Brasília
1 de 1 Fotografia colorida aérea de posto de combustível no Plano Piloto, em Brasília - Foto: Igo Estrela/Metrópoles. @igoestrela

Em manifestação pública nesta segunda-feira (15/7), duas associações de classe utilizadas para defesa de interesses pessoais e privados – a Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal  (Sinduscon-DF) – pronunciaram-se em defesa do PPCub, alegando que o inchaço do Plano Piloto, mediante a construção de moradias para mais 360 mil pessoas, que se somariam às 230 mil hoje existentes, não seria uma distorção, pois, supostamente, a população prevista por Lucio Costa, em seu plano original, seria de 500 mil habitantes.

Trata-se de uma mentira, pois o número de meio milhão de pessoas não seria compatível com as áreas projetadas e destinadas à habitação, no plano que levou à construção da nova capital.

A previsão era que o Distrito Federal, como um todo, abrigaria 500 mil moradores – o que, como sabemos, restou há muito superado, visto já termos ultrapassado os 3 milhões de pessoas residindo nas 35 regiões administrativas do DF.

O argumento de que o PPCub consolidaria áreas residenciais hoje existentes que não eram previstas originalmente, ao incluir entre estas o Setor Sudoeste, tenta enganar os desavisados, pois o referido setor foi criado pelo próprio Lucio Costa, em seu projeto Brasília Revisitada, de 1987, que introduziu, também, o Setor Noroeste.

Pior ainda é a tentativa de se mostrarem defensores de justiça social, ao alegar que os imóveis destinados aos 360 mil moradores teriam cunho social, possibilitando que famílias de menor renda residissem no Plano Piloto, às margens do Lago Paranoá.

Fosse assim, construtores e incorporadores que são, já deveriam estar construindo e vendendo apartamentos a valores acessíveis nos próprios lotes de que já dispõem, o que passa longe das ambiciosas mentes dos “preservadores de Brasília”.

O argumento apresentado, de que defendem o desenvolvimento de Brasília, é risível, pois o único desenvolvimento que pretendem é o de seus próprios bolsos, já que, mediante o congestionamento de pessoas e veículos, o aumento da altura dos prédios, a criação de novos lotes, o alargamento de vias e a criação de estacionamentos, reduzindo drasticamente as áreas verdes, característica primordial à nossa qualidade de vida, nada tem a ver com desenvolvimento social, humano e econômico da nossa cidade.

Por essa lógica canhestra, Paris, Roma, São Petersburgo e outras cidades europeias deveriam aumentar a altura dos prédios em suas avenidas, pois, construídos em época em que não havia elevadores, tiveram suas dimensões limitadas. Para o bem da humanidade, a ambição desmedida dos desenvolvimentistas de araque não conseguiu atravessar o Oceano Atlântico.

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