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De olho nas pesquisas para decidir em quem votar no DF

Eleitores podem definir nos últimos dias, com “voto útil”, quem vai para o segundo turno

Autor Hélio Doyle

atualizado

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As pesquisas de opinião poderão ser decisivas nas eleições em Brasília, marcadas pelo desinteresse e pela apatia dos eleitores, que ainda não se entusiasmaram por nenhum dos candidatos e não mostram grande disposição para votar. Há fortes indicações de que o chamado “voto útil”, que é baseado no que mostram as pesquisas, poderá definir os resultados nos últimos dias de campanha.

Pesquisas de opinião em período eleitoral têm várias utilidades, dependendo de quem faz uso de seus resultados. Há pesquisas sérias e confiáveis, e pesquisas manipuladas e falsas, mas geralmente o problema maior das pesquisas não é o seu conteúdo, e sim a maneira como são divulgadas. É aí que está a maior parte dos erros e enganações.

Os candidatos que têm recursos contratam suas próprias pesquisas, reservadas, com o objetivo de ajudá-los a traçar as estratégias da campanha. As pesquisas quantitativas mensuram as intenções de voto, conhecimento e rejeição, estratificadas por idade, renda, domicílio e outros dados que se queira obter. Há candidatos mais abonados que conseguem obter resultados diários, o tracking.

As pesquisas qualitativas são mais importantes para os candidatos, pois, sem preocupação de quantificar as intenções de votos, indicam as tendências e humores dos eleitores e ajudam a avaliar as posturas do candidato e as peças de campanha, inclusive os programas eleitorais na televisão. As pesquisas contratadas pelos candidatos não são registradas no tribunal eleitoral, pois são para consumo interno e não são divulgadas.

Voo cego
Os estrategistas dizem que fazer campanha sem pesquisas é como voar sem visibilidade e sem instrumentos, sendo preciso recorrer apenas ao talento, à intuição e à sorte. Mas o candidato tem de ter segurança de que a pesquisa que contratou é confiável e se fiar nela. Se as pesquisas estiverem erradas, provavelmente a estratégia será errada. Aí talvez seja até melhor não ter pesquisas.

Foi o que aconteceu com o então governador Cristovam Buarque em 1998. As pesquisas internas ficaram sob a responsabilidade de uma equipe comandada por um professor de sociologia, e os erros cometidos foram fatais para Cristovam: como os números lhe eram favoráveis, o governador comportou-se nos últimos dias de campanha como se já estivesse eleito. Só que os números estavam errados

No dia da eleição, a pesquisa de boca de urna de Cristovam mostrava que ele ganharia com oito pontos de vantagem, mas Joaquim Roriz venceu com 3,48 pontos percentuais a mais.

Já em 1994, sem recursos, Cristovam fez apenas uma pesquisa quantitativa no início do primeiro turno. Ele tinha 3%, era desconhecido, logo sem quase nenhuma rejeição, e o eleitorado do PT chegava a 25% – a questão, então, era ganhar esse eleitorado, ampliar e ir para o segundo turno, e Cristovam foi eleito.

As pesquisas registradas e publicadas é que levam às fraudes e enganações. Muitas vezes, os resultados estão corretos, mas os interessados divulgam os números como querem, com distorções que favorecem um candidato. Outras vezes, as pesquisas são deliberadamente fraudadas, com pequenas alterações, para beneficiar um postulante.

É fácil, por exemplo, mudar a posição de três ou quatro candidatos em empate técnico. Quem tem 13% passa a ter 15%, quem tem 14% passa a ter 12%. Nada muda, na prática, mas aos eleitores é apresentado como primeiro colocado o candidato que está em segundo ou até em terceiro lugar. O efeito é psicológico, pois as pesquisas afetam também o ânimo dos militantes e cabos eleitorais.

Na eleição de 2014, quando todas as pesquisas mostravam que Rodrigo Rollemberg venceria, um jornal publicou uma pesquisa falsificada em que Jofran Frejat estava à frente. Os resultados falsos foram mostrados no programa de televisão de Frejat, como se estivesse havendo uma virada, para animar eleitores e militantes. Rollemberg ganhou, poucos dias depois, com 11 pontos à frente.

As pesquisas poderão ser decisivas em outubro porque há sinais de que muitos eleitores, ainda indecisos ou sem o voto firmado em um candidato, definirão em quem votar nos últimos dias. Decidirão não por opção afirmativa, mas para tentar inserir ou excluir alguém do segundo turno, ainda que não seja seu candidato preferido.

Os azuis
Os que querem evitar que dois dos candidatos do grupo azul – Alberto Fraga (DEM), Eliana Pedrosa (Pros), Ibaneis Rocha (MDB) e Rogério Rosso (PSD) – passem para o segundo turno, tenderão a votar em Rodrigo Rollemberg (PSB) mesmo que não gostem dele ou tenham preferência por outro, mas que não tenha condições de ficar entre os dois primeiros.

Já os eleitores que querem impedir a reeleição de Rollemberg verificarão se será possível levar dois azuis para o segundo turno e carregarão votos no que pode tirar o governador da corrida. Ou votarão no candidato que parecer em melhores condições para derrotar Rollemberg no segundo turno.

São as pesquisas que darão aos eleitores o provável posicionamento dos candidatos. A questão é se as pesquisas estarão certas e se os eleitores não serão enganados por números errados, distorcidos ou falseados.

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