Dê à Educação o valor que ela merece, diz secretário Rafael Parente
Neste domingo, 28 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Educação
Rafael Parente
atualizado
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Neste domingo, 28 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Educação. Uma data importante que deveria servir para que todos nós refletíssemos e discutíssemos mais sobre a importância e o estado atual da nossa Educação.
“Conhecimento é poder”, disse Francis Bacon. Kofi Annan completou: “Informação liberta. Educação é a premissa do progresso em qualquer sociedade e qualquer família”. Há um crescente consenso, em nosso país, de que investir na área é a estratégia mais efetiva para a redução da pobreza, a melhoria da saúde, o desenvolvimento social, econômico e político, e que o Brasil só será realmente sério quando todos os brasileiros tiverem a oportunidade de reconhecer e desenvolver seus talentos.
Entretanto, ainda estamos muito longe de dar à educação o valor que ela merece. No Brasil, e no Distrito Federal, a maior parte das crianças e bebês vivendo em situação de pobreza ou miséria não tem direito à creche. A maioria das crianças de 8 e 9 anos não consegue se alfabetizar plenamente e não desenvolve minimamente o pensamento lógico-matemático. Menos de 10% dos jovens que conseguem concluir o Ensino Médio aprendem o suficiente em linguagens, matemática e ciências. É, definitivamente, a maior catástrofe que enfrentamos, no Brasil e no DF, e nossa indignação não passa perto daquela que aconteceria em sociedades mais civilizadas.
Para enfrentar esta crise, nós criamos o EducaDF, um plano estratégico com cinco bandeiras que deve ser implementado nos próximos quatro anos, e estamos nos esforçando muito para conhecer de perto a realidade, aprender com nossos profissionais, e apoiar na criação de soluções para nossos maiores problemas. Uma das ações de nossa primeira bandeira, Sempre Aprender, que visa cuidar, fortalecer e formar nossos profissionais, é a Caravana da Educação. Quase toda semana, saímos das sedes para visitar oito escolas e fazer uma reunião com uma coordenação regional. Eu, assessores, subsecretários e chefes de áreas visitamos tanto escolas que estão conseguindo oferecer educação de excelência, quanto aquelas que passam por grandes dificuldades.
Temos testemunhado coisas impressionantes, emocionantes, lindas de tirar o fôlego, inquietantes, tristes e absurdas. Se, por um lado, temos problemas extremamente sérios, especialmente relacionados à infraestrutura, falta de livros, falta de merendeiras, vigilantes, psicólogos, monitores, orientadores, coordenadores, supervisores, secretários, etc…, por outro, vemos escolas incríveis, muito bem organizadas, bem geridas, com profissionais vibrantes e apaixonados pelo que fazem, que conseguem, apesar das limitações, entregar um trabalho excepcional.
As reações às minhas publicações nas redes sociais relacionadas às caravanas têm sido interessantes. A rede se impressiona com o fato do secretário e líderes da pasta deixarem o gabinete para conhecer o chão da escola. E, também, com o fato de darmos tanto destaque à aprendizagem e a questões pedagógicas. Outras pessoas, que não são da rede e me acompanham, ficam impressionadas com a qualidade das escolas, do trabalho e das apresentações de professores e alunos. “Eu achei que tudo estava muito ruim”, me questionou um amigo, outro dia.
Isso acontece porque criticamos e falamos demais sobre os nossos problemas, mas nos esquecemos de mostrar que já criamos muitas soluções. Falamos muito sobre o que não presta, não reconhecendo o que temos de melhor. Pode ser a escola da Ceilândia que manda centenas de seus alunos para universidades, a do Gama que está curando professores e alunos com práticas integrativas de saúde, ou os tantos Centros de Educação Infantil e Escolas Classes que têm conquistado aquilo que queremos e precisamos que aconteça em todas as nossas escolas: que todos os alunos aprendam.
Por melhor que sejamos, nossas escolas e nossa rede não conseguirão atingir um patamar de excelência se as famílias (em todas as suas formas) e a sociedade não fizerem a sua parte. Escola, família e sociedade são o tripé que sustenta a qualidade do que fazemos. Sem essa parceria, não há como fazer milagres. Todos precisam se responsabilizar e compreender o valor da educação para a construção de um futuro melhor no Distrito Federal. Que, a partir de hoje, nós consigamos dar, à Educação, o valor que ela merece.
Rafael Parente é PhD em Educação (NYU) e secretário de Estado de Educação do Distrito Federal