metropoles.com

Concessões e PPPs são a saída para investimentos no DF

Não dá para contar com orçamento apertado do DF e recursos federais prometidos por governo em fim de mandato

Autor Hélio Doyle

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Felipe Menezes/Metrópoles
Arenaplex
1 de 1 Arenaplex - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Muito se falou e quase nada se fez, no governo de Rodrigo Rollemberg, para viabilizar as prometidas concessões e parcerias público-privadas (PPP) no Distrito Federal. A única concessão finalizada foi a do centro de convenções, que não era complexa. A do Estádio Mané Garrincha e seu entorno está paralisada há meses no Tribunal de Contas (TCDF) e o edital para o autódromo foi publicado ontem (3/12).

Viabilizar concessões e PPPs é uma grande oportunidade para o futuro governador Ibaneis Rocha, que poderá fazer o que Rollemberg deveria e poderia ter feito, mas não fez. Um bom sinal de que Ibaneis quer levar à frente as parcerias é a decisão de centralizar na Terracap os contratos que envolverem terras públicas – ou seja, quase todos eles. Como a empresa trabalhou bem, outro sinal positivo é a manutenção de seu presidente e de outros diretores.

As concessões e PPPs são praticamente a única possibilidade de, até o fim de seu mandato, Ibaneis apresentar obras e realizações de peso, além de melhorar a gestão de equipamentos públicos em diversas áreas. Diante das restrições orçamentárias e financeiras, do aperto fiscal e da necessidade de priorizar setores essenciais, como saúde, educação e segurança, o governo tem hoje baixíssima capacidade de investir recursos próprios. Daí ser necessária a busca de parceiros privados para executar projetos que necessitam de investimentos.

O otimismo pregado por Ibaneis e seus auxiliares em torno de recursos do governo federal não se baseia na realidade. Primeiro, porque a partir de janeiro o governo será outro, e não o atual, com o qual os futuros governantes têm conversado. Em segundo lugar, porque a falta de dinheiro é um problema também da União e não será nada fácil priorizar recursos para o Distrito Federal executar todos os projetos que têm sido anunciados.

Não é privatizar
Ao contrário do senso comum, conceder a exploração de um equipamento ou de um serviço público a empresários privados não significa privatizar a propriedade do Estado. A concessão pode ser comparada a um aluguel, pois, ao final do contrato, o bem volta a seu dono. Privatizar é vender o que é público, com o Estado abrindo mão definitivamente de sua propriedade.

As PPPs também não caracterizam uma privatização, mas uma ação conjunta do governo e da iniciativa privada visando oferecer à população uma obra ou serviço que o Estado não tem como realizar, por falta de recursos financeiros e tecnológicos que impeçam o investimento e a gestão eficiente. O empresário entra com o que o governo não tem – capital e tecnologia avançada – mediante uma contrapartida do Estado muito inferior à que teria de investir para viabilizar o projeto.

É óbvio que, seja em um país capitalista ou socialista, o empresário investe se tiver retorno do capital e lucro, e para que isso aconteça precisa ter confiança no governo, segurança jurídica e ambiente econômico favorável – fatores ausentes durante o mandato de Rollemberg. Se as parcerias e concessões trazem para a população benefícios reais e comprovados, e se há controle da sociedade e do poder público sobre elas, para evitar o descumprimento dos contratos e a prática de corrupção, não há por que se opor a essas medidas.

A oposição geralmente vem de setores corporativistas, em defesa de vantagens e privilégios que a máquina estatal lhes dá, e de segmentos da esquerda que raciocinam como se vivêssemos em uma sociedade socialista do século 20 e não conseguem se adaptar a novas realidades. Parecem desconhecer que os investimentos privados em áreas tradicionalmente estatais são feitos hoje na China, no Vietnam e em Cuba – e são bem-vindos, desde que beneficiem a população, cumpram o contratado e não se coloquem acima do poder público.

Solução viável
A concessão do Mané Garrincha tirará do governo do Distrito Federal um prejuízo mensal de R$ 800 mil e, além de lhe dar retorno financeiro, possibilitará não só uma administração profissional para todo o complexo esportivo — incluindo o Ginásio Nilson Nelson — como a vitalização de uma área central de Brasília hoje praticamente abandonada. Ibaneis, porém, terá de superar o estranho e suspeito posicionamento do TCDF, que há um ano impede que o contrato seja assinado com argumentos que parecem ter sido produzidos para inviabilizar a concessão.

A PPP do autódromo, uma área degradada de 670 mil metros quadrados também no centro da cidade, permitirá a realização de provas importantes nacional e internacionalmente e a instalação de um centro de excelência voltado para o automobilismo. Os dois projetos contribuirão para promover Brasília, atrair visitantes, criar uma opção de lazer no centro da cidade e, naturalmente, aumentar o nível de atividade econômica, de emprego e de arrecadação tributária. E livrarão o governo de gastos, liberando recursos que poderão ser mais bem aplicados.

Há vários projetos de concessões e PPPs que não prosperaram no atual governo por diversas razões: falta de decisão política e de coragem para enfrentar corporações, ausência de coordenação das diversas áreas do governo, ineficiência das estruturas montadas para examinar e viabilizar os projetos e, em alguns casos, incompetência mesmo.

É verdade que o cenário econômico não era favorável a investimentos e o impasse em torno do centro administrativo, uma PPP que começou no governo de José Roberto Arruda, levou à insegurança de empresários. Se superar as deficiências do atual governo, der segurança jurídica aos investidores e conseguir que o TCDF não o boicote, Ibaneis poderá chegar ao fim do governo com realizações importantes para os brasilienses.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?