Chegou o dia de o brasiliense dar o troco nas urnas e mostrar sua força
Ascensão meteórica do até então desconhecido Ibaneis Rocha reflete insatisfação dos eleitores com políticos já conhecidos pela população
EDITORIAL
atualizado
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Chegou o dia de a gente mostrar a que veio. O dia de descontar nas urnas o tamanho da nossa indignação, de nossa frustração. Também é dia de depositar confiança e esperança em um futuro menos desastroso. O voto agiganta e empodera os cidadãos. Aqui no Distrito Federal, o conjunto de preferências secretamente confiadas a uma das 6.732 urnas vai gritar a vontade de milhares de cidadãos ansiosos por uma rotina mais digna.
As pesquisas mais recentes nos permitem conjecturar sobre o recado que virá pós-apuração: o brasiliense está exausto. De saco cheio. Especialmente aquele cidadão que pega ônibus, que mora na periferia, que depende dos hospitais do governo, cujos filhos merendam na escola pública, e que não tem escolha a não ser enfrentar as ruas violentas da capital da República.
Só este sentimento explica o contexto das pesquisas, que apontam para um cenário inédito no DF: o líder desses levantamentos, Ibaneis Rocha (MDB), era um completo desconhecido da maioria dos brasilienses faltando apenas algumas semanas para o 7 de outubro. Agora, tem chance, inclusive, de resolver a eleição no primeiro turno.
Com até 43% das intenções de votos válidos, segundo demonstrou o Ibope DF desse sábado (6), o candidato do MDB parte do nada (ele iniciou a campanha com inexpressivos 2%) para o quase tudo. Um reflexo do tipo de aposta que os eleitores da capital também estão fazendo, no tudo ou nada.
O que explica um candidato neófito passar a preferido em uma campanha de 45 dias? Os adversários tentam provar na Justiça que é uso e abuso de dinheiro. Inegável, no entanto, que Ibaneis se tornou o fiel depositário de uma cidade inconformada com as demais alternativas.
A teto dos 15%
Segundo os números divulgados pelos dois principais institutos de pesquisa (Ibope e Datafolha), tirando Ibaneis, não há nenhum outro concorrente (entre 10 opções) com mais de 15% das intenções de voto no DF, o que demonstra uma rejeição vexatória para os postulantes colocados. Ou porque a maioria dos brasilienses não aprova a gestão em curso, ou porque não aceita ter de volta nomes que já serviram o DF em outros governos.
Para turbinar sua candidatura, Ibaneis gastou um monte de dinheiro. Irrefutável e verificável. Mas em nome de testar um personagem que nunca ocupou cargo no governo, os brasilienses também estão pagando para ver.
Ao que tudo indica, vão dar um cheque em branco ao emedebista, apostando que pode vir dele a solução para os problemas que os últimos cinco governos não conseguiram resolver. Afinal, no leque de possibilidades, há representantes das administrações Roriz, Cristovam, Rosso, Agnelo e Rollemberg. Do alto do que dizem as pesquisas, já se pode ouvir um “eles não” de boa parte dos eleitores.
As simulações de segundo turno também indicam vantagem do desconhecido Ibaneis Rocha. O rearranjo de alianças numa eventual nova fase de campanha, porém, pode alterar o atual contexto. Mesmo assim, a decisão final, novamente, estará em poder do eleitor. Em dias assim, use e abuse da sua autoridade, eleitor.