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Cadeia da energia nuclear: utilidade na medicina e perspectivas no tratamento contra o câncer

Há crescente demanda por radioisótopos como matéria-prima para a fabricação de radiofármacos destinados a diagnósticos e tratamentos médicos

Autor Alexandre Silveira

atualizado

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Médica verificando resultados de raios X através de tecnologia digital moderna - Metrópoles
1 de 1 Médica verificando resultados de raios X através de tecnologia digital moderna - Metrópoles - Foto: Krongkaew/Getty Images

Sou um vigoroso defensor do uso da energia nuclear como fator essencial para garantir uma matriz energética limpa, segura e sustentável. O Brasil possui um dos maiores potenciais do mundo em urânio e precisa explorar essa riqueza de maneira estratégica, inovadora, soberana e voltada para o desenvolvimento socioeconômico, bem, como para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. As usinas de Angra 1 e 2 são um bom exemplo de excelentes resultados para a energia elétrica gerada em nosso território.

Neste artigo, gostaria de abordar outra possibilidade de emprego da energia nuclear que merece toda a atenção das políticas públicas: a área da saúde. Um exemplo dessa fronteira promissora é a usina de Angra 2, no Rio de Janeiro. Estão sendo estudados ajustes em seu reator para a produção de insumos utilizados em medicações destinadas ao tratamento do câncer. O mesmo valerá para Angra 3, quando estiver em operação.

A iniciativa resulta de um memorando de entendimento assinado pela Eletronuclear, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) e responsável pela usina, com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). Entre outras ações, o acordo prevê cooperação e realização de levantamentos técnicos e de viabilidade para essa produção no futuro.

A Eletronuclear e a SBMN partiram da constatação de que há crescente demanda por radioisótopos como matéria-prima para a fabricação de radiofármacos para diagnósticos e tratamentos médicos, notadamente nas áreas de oncologia e cardiologia, que ensejam a oportunidade para estudos estratégicos sobre o mercado e as possibilidades de produção deles no Brasil.

Os dois parceiros possuem, assim, interesses convergentes no desenvolvimento e na expansão do uso da tecnologia nuclear para fins medicinais. A parceria fortalecerá o desenvolvimento científico e tecnológico, o empreendedorismo e a inovação, congregando interessados na universidade, em centros de pesquisa e na academia.

Tratamento contra o câncer
Para quem tem interesse mais técnico, trata-se de ajustar o reator para que se possa produzir o material radioativo conhecido por lutécio-177. Este, por sua vez, é processado em laboratórios de radiofarmácia e utilizado em diversos radiofármacos, considerados eficientes no tratamento de câncer de próstata e de tumores chamados de neuroendócrinos. Resultados científicos mostram mais tempo e qualidade de vida, bem como redução de custos de internação hospitalar e integração do paciente às suas rotinas.

Como resultado do acordo Eletronuclear e a SBMN, a produção futura trará benefícios para toda a população brasileira, em especial àquelas de baixa renda. Hoje, não existe acesso do setor público a esses tratamento pelo custo bastante elevado, uma vez que todo material é importado. Diante do crescimento de radiofarmácias no país, haverá mais facilidade de acesso a esses tratamentos num país continental como o nosso, uma vez que o material poderá ser distribuído em larga escala.

Em operação desde 2001, a usina de Angra 2 continuará a prestar seus bons serviços como atender ao consumo de eletricidade equivalente ao de um município de cinco milhões de habitantes. Para Angra 1, sua irmã mais velha e em funcionamento comercial desde 1985, viabilizamos autorização para operar por mais 20 anos – sozinha é capaz de fornecer energia para uma cidade com dois milhões de habitantes.

Quanto à irmã caçula, Angra 3, estamos trabalhando para que entre em operação no final de 2030. Esse complexo tem muito a cumprir na transição energética brasileira, como exemplo de baixa emissão de gases de efeito estufa, de geração de eletricidade contínua e estável e de integração com as demais fontes de energia renovável.

A assinatura do acordo representa uma parceria estratégica entre o setor nuclear e a área de saúde. A colaboração fortalece o desenvolvimento de políticas públicas e pode viabilizar o acesso a novas tecnologias e tratamentos para a população, especialmente no câncer.

  • Alexandre Silveira é ministro de Minas e Energia

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