Brigas em estádios são previsíveis e ninguém faz nada para evitá-las
As fronteiras da imprensa esportiva no Brasil costumam se misturar ao noticiário policial com uma frequência assustadora. Mas não há argumentos para justificar a barbárie que se vê nos estádios de futebol quando as autoridades que deveriam zelar pela segurança do público optam pelo jogo da negligência. É exatamente o caso do catastrófico Flamengo x […]
Otto Valle
atualizado
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As fronteiras da imprensa esportiva no Brasil costumam se misturar ao noticiário policial com uma frequência assustadora. Mas não há argumentos para justificar a barbárie que se vê nos estádios de futebol quando as autoridades que deveriam zelar pela segurança do público optam pelo jogo da negligência. É exatamente o caso do catastrófico Flamengo x Palmeiras do último domingo (5/6), quando integrantes de uma torcida organizada do clube paulista espancaram um flamenguista que, por sorte, não morreu. O homem, morador de Petrópolis (RJ), está até hoje internado em estado grave no Hospital de Base.
O jogo que começou do lado de fora das quatro linhas foi o da negligência. O GDF e as forças de segurança passaram a bola para o Flamengo, que culpou a torcida do Palmeiras. O clube disse não se responsabilizar pelo comportamento dos torcedores. E aí se fecha o ciclo de omissão que faz famílias pensarem duas vezes antes de levar os filhos às praças desportivas do país. Tudo porque esses espaços costumam ter dezenas de criminosos travestidos das cores dos clubes que dizem amar. A suposta paixão por um time vira a desculpa para atos de selvageria.
No caso de Brasília, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva interditou o Mané Garrincha até que providências sejam adotadas. A medida não durou sequer 24 horas. Na mesma quarta-feira (8), a Corte aliviou o peso da própria decisão. Ao Metrópoles, o presidente do STJD, Caio Cesar Rocha, disse que, se a CBF assumir a responsabilidade pela segurança dos torcedores, poderá manter o jogo entre Fluminense x Corinthians marcado para o próximo dia 16.
Mesmo se um eventual novo esquema de segurança – como a separação de torcidas – for colocado em prática, não há garantias de que os torcedores vão se comportar com civilidade do lado de fora do Mané Garrincha.
O que surpreende mesmo é a inércia das autoridades, que têm uma postura unicamente reativa em vez de apostar no planejamento preventivo. E não é por falta de alertas. Em abril, antes do início do Brasileirão 2016, o Metrópoles noticiou que o MPDFT já se preocupava com as partidas que seriam disputadas no Mané Garrincha. Desde então, nada foi feito para evitar situações como a do último domingo.
Nos próximos jogos de futebol por aqui, restará ao torcedor brasiliense as mesmas opções de sempre: ficar em casa ou arriscar a própria sorte.