Brasília tem muita gente chata ou não sei me comportar?
Impressão ficou ainda mais latente após um show, semana passada, no qual pessoas reclamavam de quem cantava e dançava
Sara Alves
atualizado
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Já começo avisando que amo Brasília, mas sempre tive uma desconfiança: a quantidade de gente chata e egocêntrica na capital federal parece ser maior do que em outras cidades. Ao assistir um show de Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, na noite dessa quinta-feira (10/5), a chatice brasiliense ficou latente, escancarada.
O espetáculo começou com os três cantores exalando a energia de sempre, um painel colorido e brilhoso dava vida às canções. Fui acompanhada por duas amigas da época da faculdade, tínhamos muito o que conversar. Entretanto, o mais importante ali era o show, precisava me mexer, dançar, pular e cantar. Levantei e fui bailar ao som de Alceu.
A maioria da plateia estava sentada. Ao caminhar para sair da minha fileira no auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, ouvia coisas do tipo: “Ei, tá na minha frente. Vai sentar”. Com certa dificuldade, consegui me desvencilhar e dancei acompanhada por mais umas três ou quatro pessoas no corredor.Ah, mas eu dancei! Dancei muito e recebi olhares de reprovação de alguns, de aprovação de outros, não me importei. Depois de umas duas ou três músicas, fui ficar ao lado das minhas amigas que permaneciam sentadas, tímidas.
Cheguei inebriada, já tinha tomado umas duas cervejas e estava cantando. Ao sentar para descansar um pouco as pernas – Elba cantava a música Bicho de Sete Cabeças –, uma dessas figuras chatas e egocêntricas que habitam a “capital do poder” se virou e me mandou sair do meu assento, pois eu estava “incomodando” com meu tom de voz.
É ou não é um ser humano muito chato? Fiquei me perguntando se estava me comportando mal. Olhei ao meu redor, via casais se beijando, senhoras dançando e sorrindo, pais com seus filhos se divertindo. Concluí que tive o azar de comprar meu bilhete atrás de um ser humano chato e mal-humorado.
Uma hora de show depois, quando Alceu tomou conta do palco, a quantidade de gente em pé, dançando e sendo feliz, já era bem maior. Ainda bem!