Bom uso da tecnologia contribui para driblar os efeitos da crise
Enquanto o Waze pensou em ajudar, colaborando para amenizar os efeitos da crise, alguns donos de postos focaram apenas no lucro financeiro
Leo renato
atualizado
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Crises são grandes janelas de oportunidades para marcas e empresas se posicionarem. Digo isso porque nessas últimas duas semanas vimos diversos problemas em relação aos combustíveis. Filas e mais filas em postos de gasolina e carros parados por falta de combustível. Nesse momento, diante de adversidades, a melhor coisa a se fazer, por parte de empresas, é pensar em criar soluções.
No último texto, falei sobre o marketing de conteúdo, que tem o objetivo de atrair a atenção do consumidor com conteúdo de qualidade, melhorando a experiência das pessoas em atividades, muitas vezes, cotidianas. Quando somamos a isso um tema que está em alta, chegamos ao marketing de oportunidade.
No caso da greve dos caminhoneiros, foi um bom momento para focar nas oportunidades, mesmo que a empresa não estivesse envolvida diretamente com a crise dos combustíveis. A ideia era ajudar a diminuir os impactos da crise no nosso dia a dia.
Veja o exemplo do Waze. Em plena paralisação, o app agiu rapidamente e disparou um alerta para mais de 9 milhões de usuários para pedir que eles colocassem informações se um posto de gasolina tinha ou não combustível. Ou seja, a partir dos relatos de outros motoristas, a plataforma mostrava quais postos ainda estavam abastecidos.
Foi uma forma de pensar como os seus usuários usam o serviço e de que forma poderia melhorar a experiência deles no meio do caos em busca de um posto com combustível.
Vi alguns comentários de pessoas reclamando que não há a possibilidade de ver os postos que estavam com ou sem gasolina naquele momento. Porém, como é uma ferramenta colaborativa, se ninguém atualizar no aplicativo, não é possível saber se há ou não combustível.
Não é a primeira vez que o Waze faz isso. Quando começou a valer a lei que obriga motoristas a usarem farol em rodovias, mesmo de dia, a empresa teve também uma boa sacada. Quando você liga o aplicativo e o GPS capta que você está se movimentando, uma mensagem aparece na sua tela para te alertar sobre a necessidade de acender o farol.
Nesses dois exemplos, a empresa pensou nas pessoas e, consequentemente, ganhou em cima disso. Ela gerou uma boa experiência para seus usuários e ganhou pontos com muitos deles.
Além do marketing de conteúdo, o marketing de oportunidade é importante para gerar impacto na comunidade. Pensado de maneira correta, a chance de que funcione é bem alta. Além disso, a conquista de mídia espontânea faz com que os custos de divulgação da ação sejam baixíssimos.
No caso de alguns donos de postos de gasolina, o “eu” veio primeiro que o “nós”. Assim, com preços absurdos, chegando a R$ 9,99 o litro de gasolina, as pessoas logo se mobilizaram e os preços voltaram ao “normal”.
Para os donos desses postos, o lucro no curto prazo pode até ter acontecido, mas no longo prazo as pessoas jamais esquecerão. Alguns movimentos de boicote a esses estabelecimentos já estão em grupos de WhatsApp. Pode ser uma boa ideia. Até porque os postos fazem parte da sociedade e devem contribuir, e não gerar mais caos.
Por fim, enquanto o pessoal do Waze pensou: “Como eu posso ajudar”, colaborando para amenizar os efeitos da crise, parece que alguns donos de postos aproveitaram a oportunidade para pensar apenas em “Como eu posso lucrar”.
Leo Renato Bernardes é jornalista e especialista em marketing e comunicação digital