Bancada do DF na Câmara Federal vai mudar, mas ficando como está
Favoritos às oito vagas são conhecidos dos eleitores ou parentes de políticos tradicionais do Distrito Federal
Hélio Doyle
atualizado
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Apenas três dos oito deputados federais eleitos pelos brasilienses em 2014 poderão voltar à Câmara Federal na próxima legislatura, mas isso nada tem a ver com a tão falada – e esperada – renovação do Parlamento: dois outros não serão candidatos e três estão postulando o governo ou o Senado.
Os considerados favoritos para estar entre os oito que serão eleitos em 7 de outubro não representam exatamente uma mudança qualitativa na bancada do Distrito Federal, pois seus perfis e vínculos são muito parecidos com os dos que saem.
Não serão candidatos os deputados Ronaldo Fonseca (Podemos), por opção própria, e Rôney Nemer (PP), por estar impedido judicialmente. Já Rogério Rosso (PSD) e Alberto Fraga (DEM) são pré-candidatos ao Palácio do Buriti, e Izalci Lucas (PSDB), ao Senado. Apenas Erika Kokay (PT), Augusto Carvalho (Solidariedade) e Laerte Bessa (PR) tentarão a reeleição.
É claro que ainda é muito cedo para dizer quais os candidatos que serão eleitos. Alguns terão pouca diferença de votos entre eles e, com frequência, aparecem surpresas quando as urnas são apuradas. Mas, entre os políticos, as apostas não comportam muitas variações e já há os considerados favoritos. Inúmeras contas têm sido feitas nos últimos dias, pois a definição das coligações não depende só de compor a chapa majoritária, como geralmente parece, mas também da lista para a eleição de deputados federais.
Para os partidos, a eleição de deputados federais é prioridade. É com base no número de parlamentares eleitos que se define quanto cada legenda receberá do fundo partidário e qual o tempo que terá no rádio e na televisão. E agora só terão direito ao fundo e ao tempo os partidos que cumprirem a chamada cláusula de barreira: ter, nesta eleição, 1,5% dos votos válidos para deputado federal distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação, com no mínimo 1% em cada uma delas. Ou eleger nove deputados em nove estados ou Distrito Federal.
Coligações
Por isso, os partidos e seus principais candidatos buscam coligações que lhes favoreçam. No sistema de listas abertas, adotado no Brasil, os votos dos candidatos e da legenda são somados e, de acordo com a proporcionalidade, se elegem os mais votados de cada coligação. Além disso, como as vagas são poucas, não interessa a um candidato estar numa chapa em que outros certamente estarão na sua frente. É essa a razão de muitos fugirem das coligações em que há candidato que terá muitos votos, mas sem garantia de que o segundo colocado também será eleito.
O PRB é um bom exemplo. Durante meses, a imprensa noticiou a movimentação de seu presidente regional, Wanderley Tavares, nas negociações para a formação de coligações. Ora o PRB estava mais para a chapa de Frejat, ora para a chamada via alternativa, de Cristovam Buarque, ora se dizia que comporia com Rodrigo Rollemberg. A decisão, porém, dependia de um único fator: em qual coligação o distrital Júlio César teria mais condições de se eleger deputado federal. O resto era jogo de cena.
Da mesma forma, a razão principal para o PV se aliar a Rollemberg é a relativa fragilidade dos candidatos a deputado federal pelo PSB, o que garante, segundo o raciocínio dos verdes, a eleição do distrital Israel Batista para federal. Os candidatos do PSB, assim, contribuirão para a vitória de Israel, que deverá ser o mais votado da chapa, e lutarão para que a coligação consiga mais uma cadeira.
Disputa interna
Assim é o sistema eleitoral brasileiro, em que os maiores adversários de um candidato a deputado são seus companheiros de coligação e os que se situam em seu campo político. E no qual cada candidato tem de fazer sua própria campanha, geralmente sem sequer se vincular ao seu partido. Nos países em que a lista é fechada, a campanha é partidária, e ao votar no partido o eleitor já sabe que a ordem estabelecida na chapa é que definirá os vencedores.
Há algumas pequenas divergências entre os que fazem cálculos, às vezes motivadas por preferências políticas, mas hoje, tendo em vista as estimadas votações individuais e das chapas, os considerados favoritos para as oito vagas de deputado federal são – em ordem alfabética, é bom dizer – Celina Leão (PP), Erika Kokay (PT), Flávia Arruda (PR), Israel Batista (PV), Joaquim Roriz Neto (Pros), Júlio César (PRB), Laerte Bessa (PR), Marcos Pacco (Podemos) e Tadeu Filippelli (PMDB). Desses, seis têm ou tiveram mandatos parlamentares, dois são parentes de políticos conhecidos e um já foi candidato, secretário do governo e administrador regional.
Mas há outros candidatos, inclusive alguns desconhecidos, que podem surpreender e substituir alguns desses, ou por superá-los em quantidade de votos ou porque alguma coligação pode eleger mais candidatos do que se espera. Em 45 dias de campanha, muita coisa pode mudar.