As redes sociais podem colocar a democracia em risco?
A recente declaração de um importante acadêmico inglês, David Runciman, diretor do Departamento de Política e Relações Internacionais de Cambridge, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, me chamou a atenção: Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, é um perigo maior para a democracia do que Donaldo Trump. O acadêmico explica: apesar de Zuckerberg não […]
Tiago Falqueiro
atualizado
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A recente declaração de um importante acadêmico inglês, David Runciman, diretor do Departamento de Política e Relações Internacionais de Cambridge, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, me chamou a atenção: Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, é um perigo maior para a democracia do que Donaldo Trump.
O acadêmico explica: apesar de Zuckerberg não ser um sujeito mal-intencionado e o Facebook ter vários aspectos democráticos, o executivo tem “formas de poder que são vastas e inéditas”. “Simplesmente não sabemos que impacto o Facebook vem tendo em eleições, notícias, partidos etc.”, completa.
Como há uma percepção consolidada de que as redes sociais e outras ferramentas digitais, como o Google, foram usadas para influenciar eleições, com a propagação de fake news, por exemplo, os executivos das gigantes do setor se mexeram e estão produzindo alterações que buscam barrar a propagação das notícias falsas.O próprio Facebook reconheceu que não tem condições de coibir o uso indevido da plataforma e que não há como garantir que as redes sociais possam ameaçar a democracia.
Apesar de ser um otimista, não ignoro os perigos que a internet pode provocar, mesmo no seio de uma democracia que funciona bem.
Samidh Chakrabarti, diretor de produto do Facebook
Apenas o fato de conseguirem determinar, por meio de algoritmos, o que segue ou não para os perfis de seus usuários já denuncia essa forma de poder “vasta e inédita”. No caso do Facebook, páginas de empresas e organizações perderam recentemente espaço para publicações de perfis pessoais e de grupos. A ideia apresentada é a de garantir mais conteúdo de amigos e familiares no feed de cada usuário.
Com a mudança, vemos profissionais que trabalham com marketing digital correrem para entender as alterações, se adaptarem ao novo algoritmo e continuarem impactando seus clientes, eleitores ou fãs. Sobraram dois caminhos para aqueles que vêm o alcance e o engajamento caírem com as novidades: o marketing de conteúdo, em que as marcas produzem material relevante e genuíno, e, claro, a publicidade.
Viver do trabalho nas redes sociais tem dessas emoções. Muitas vezes, sentimos a maré virar mesmo sem um anúncio específico.
Por isso que o monitoramento de dados é tão importante: para entender que tipo de assunto ou formato está gerando mais engajamento e, por consequência, mais alcance.
Esse tipo de fenômeno fica claro em eventos ou acontecimentos relevantes, como as eleições e o carnaval.
Uma saída que vem ganhando força para os que querem se livrar desse “controle oculto” é o trabalho em redes sociais próprias. A ideia foi lançada com força pelo youtuber Felipe Neto (hoje com 18 milhões de inscritos em seu canal) e anunciada como guerra ao Youtube. O conceito é simples e pode funcionar bem até para políticos que precisam mobilizar sua base de apoio.
Jornalista de tecnologia, Tiago Falqueiro acompanha os lançamentos e as novas tecnologias desde 2006. Depois de trabalhar como repórter especializado na área, migrou para a comunicação digital e especializou-se em redes sociais. Hoje, trabalha com inovação, startups e coworking.