Amor infiel: millennials apostam na diversidade musical
A revolução digital mudou a música e os seus antigos (novos) amantes
Pedro Sotero
atualizado
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Os millennials cresceram no ambiente digital e fizeram dele o seu principal playground para curtir as atuais descobertas e as formas de significar às suas vidas. As novas tecnologias, as redes sociais e a música tiveram um papel fundamental na construção das identidades.
Nas tecnologias, encontramos o acesso. Nas redes sociais, o compartilhamento. E na música, a emoção.
Millennials usam a música para dividir quem eles são ou para esconder isso.
Seth Farbman , CMO Spotify
A ansiedade por novidades musicais e o fácil acesso a plataformas de streaming de músicas e vídeos (Spotify, YouTube e Apple Music) que conseguem apresentar novos artistas e gêneros através de algoritmos inteligentes, ajudam a caracterizar o perfil do ouvinte atual como um amante infiel. A diversidade é a tendência. De Pablo Vittar a Ed Sheeran, todos querem ficar ligados no que os seus amigos ouvem, compartilham e comentam. Tudo no modo shuffle.
Movimento é a palavra-chave. Seja para confirmar o alto consumo de música por meio de dispositivos móveis ou definir que o seu estilo de música não é (oras) definido. Os seus gostos mudam como o vento altera de direção.
Esses últimos anos foram marcados pela abertura das nossas portas para a música latina e a consolidação de um dos mais tradicionais gêneros brasileiros: o sertanejo. O Brasil ama as suas canções. Elas refletem os aspectos culturais e regionais mais íntimos do nosso povo. Não é mais um espanto quando ouvimos falar em uma nova dupla “caipira” lançada que é a sensação do momento.
Esse comportamento também se repete no pop, com a descoberta da Iza, que pegou carona no buzz criado por Anitta, e vai muito bem nas paradas de sucesso. Nesse mesmo caminho, veio o funk, antes marginalizado pelos charts e pelas grandes redes de rádio. A sempre presente MPB se fortaleceu.
No meio dessa diversidade, chegou o surpreendente EDM: novo gênero queridinho dos millennials que lotam os festivais de música eletrônica de Norte a Sul, seguindo nomes como Alok e Martin Garrix.
Essa geração aprecia o acesso versus a propriedade. Então, não faz mais sentido ter uma coleção de CDs na estante ou os posteres dos seus ídolos na parede. Todo esse conteúdo está ao seu alcance no smartphone.
É melhor colecionar experiências do que guardar coisas materiais. E é nesse embalo que o país enfrenta uma retração na economia desproporcional ao que o mercado de shows e festivais vive. Grandes nomes da música mundial, como Paul McCartney, Coldplay e Bruno Mars, lotaram estádios recentemente, assim como a Dua Lipa, nova expoente do pop inglês, esgotou todos os ingressos numa pequena casa de shows em São Paulo. Tem para todos os gostos e tamanhos.
O ano 2018 promete. A demanda de millennials por novas experiências vai continuar em alta. O mês de março, por exemplo, terá Foo Fighters, Queens of The Stone Age, Katy Perry e dois grandes festivais confirmados: o Dekmantel, que vem diretamente da Holanda, e o tradicional Lollapalooza, com um dia a mais de atrações musicais após o grande sucesso de público em 2017.
Pedro Sotero é um geek da música pop e atua como Strategic Operations Manager na boo-box/FTPI, empresa reseller exclusiva do Spotify no Brasil.