A sustentabilidade nossa de cada dia
Cada detalhe de um empreendimento deve sair de acordo com o desenvolvimento sustentável, atendendo o presente sem comprometer o futuro
Guilherme Bussamra
atualizado
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Não é de hoje que o termo sustentabilidade passou a fazer parte de nossas vidas. Antes, apenas um assunto para ambientalistas. Hoje, uma exigência nas mais diversas áreas, da gastronomia ao design de interiores. E para que ela seja possível, temos a nosso favor a tecnologia e muitas outras soluções que nos permitem gerar o menor impacto possível à natureza.
Engana-se quem acha, por exemplo, que para ter um ambiente sustentável basta colocar vaso de planta, mesa de palete ou pneu em forma de banco no ambiente. Como arquiteto, tenho, portanto, a responsabilidade de alertar isso ao cliente e de projetar empreendimentos conciliando diversos aspectos econômicos e com baixo impacto ambiental.
Para colocar todos esses tópicos em prática, é necessário muito estudo e pesquisa dos produtos que estão no mercado, a fim de que cada detalhe saia de acordo com o conceito em questão: o desenvolvimento sustentável – uma forma de atender o presente sem comprometer as gerações futuras. Essa definição, no meu ponto de vista, é encantadora e define bem o objetivo de uma boa construção.
Para criar parâmetros e valorizar as construções, em 1990 foi criado o primeiro sistema de avaliação, o Método de Avaliação Ambiental do Building Research Establishment (BREEAM), no Reino Unido. Em 1996, nos EUA surgiu o Liderança em Energia e Design Ambiental (LEED), um dos mais utilizados em todos os países. Hoje temos alguns programas de selos como esses no mundo inteiro.Eles criam padrões em todas as etapas de um empreendimento, desde o projeto até a entrega da construção. Esses mecanismos agem fiscalizando alguns critérios como o uso de água, descarte de materiais, desperdícios e fiscalizações nos escritórios. O deslocamento e o frete dos materiais também são monitorados, pois os grandes deslocamentos geram uma grande impacto sobre os recursos naturais e poluem o meio ambiente. Por isso, utilizar materiais da própria região é muito importante.
Diante de tantos parâmetros e critérios de fiscalização, vê-se então que sustentabilidade em projetos de arquitetura e interiores está muito além do uso de materiais reciclados. É importante, por exemplo, o investimento em materiais da linha “eco” sempre que possível, pois esses produtos sempre terão os menores consumos de água e energia. As luzes de LED, mais do que serem vistas como a sensação do momento, também são indispensáveis.
Muitas vezes esses produtos são mais caros. Contudo, o investimento compensa em longo prazo. As placas de painéis fotovoltaicos são muito interessantes, pois, além de garantir energia para a sua residência, transforma o proprietário em um gerador de energia elétrica. Com isso, as companhias dão desconto na conta luz.
Um cuidado a ser tomado quando da elaboração de um projeto é sempre escolher lojas de móveis que possuam selos de sustentabilidade, com madeiras de replantio, por exemplo. Os móveis de qualidade assinados por designers também são bons investimentos, pois não irão precisar de manutenção e geralmente são peças atemporais, que conferem sofisticação ao ambiente.
As indústrias de louças e metais sempre têm a linha sustentável. Existem modelos de pias de banheiro que reutilizam a água nas bacias sanitárias, e torneiras e chuveiros com aeradores, itens capazes de deixar a ducha mais uniforme e agradável com menor fluxo de água
Enfim, são muitas as possibilidades para levar a sustentabilidade para dentro da casa, do apartamento, do escritório ou de qualquer construção. Basta adequá-las às necessidades do cliente e focar o olhar sempre na contribuição que aquele projeto pode dar ao planeta. Como se diz, cada um deve fazer a sua parte.
Guilherme Bussamra é arquiteto e urbanista