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A segurança e o bem-estar dos trabalhadores da Caixa estão em xeque

Pesquisa revela que seis em cada 10 funcionários da Caixa disseram ter sofrido assédio moral no ambiente de trabalho

Autor Sérgio Takemoto

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
sede do banco da Caixa Economica Federal em Brasília DF concurso edital
1 de 1 sede do banco da Caixa Economica Federal em Brasília DF concurso edital - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O turbilhão midiático que tomou conta da Caixa Econômica Federal desde o fim da semana passada mostrou a ponta do iceberg das mazelas que os trabalhadores do banco enfrentam desde o início desse governo.

As denúncias de assédio sexual contra o agora ex-presidente da instituição Pedro Guimarães precisam servir de alerta para que as devidas medidas para garantir condições básicas de trabalho – há tanto tempo necessárias – sejam implementadas com urgência.

O primeiro passo nesse momento, claro, é que as acusações contra Guimarães sejam investigadas com prontidão e rigor. Assédio sexual é crime, e as vítimas merecem justiça – tanto as que já se manifestaram, como outras que podem agora ser encorajadas a ir a público.

Para isso, o segundo passo é um urgente fortalecimento dos canais de denúncia dentro da Caixa. Apenas com um sistema de ouvidoria e recursos humanos seguro e bem estruturado, que priorize o bem-estar dos trabalhadores, será possível evitar que surjam novos casos como os relatados.

Desde que o governo Bolsonaro começou, a Fenae vem chamando a atenção para a deterioração do ambiente de trabalho da Caixa.

Após fazermos campanha de vacinação e pedidos de melhores condições para os empregados durante a pandemia, fomos recebendo mais e mais relatos preocupantes sobre as pressões sofridas pelas equipes, com cobranças de metas e cargas horárias abusivas.

Decidimos, então, fazer uma pesquisa para avaliar a saúde mental dos trabalhadores, com entrevistas a mais de 3 mil pessoas (aposentadas e na ativa). Os resultados foram estarrecedores.

Burnout

Segundo o levantamento, seis em cada 10 funcionários da Caixa disseram ter sofrido assédio moral no ambiente de trabalho. Entre os empregados da ativa, 56% relataram ter passado por esse tipo de assédio e 70% já testemunharam algum caso.

Isso se reflete, claro, na saúde mental. De acordo com os dados de fevereiro, 6% dos trabalhadores estavam afastados por licença médica. O principal motivo são as doenças mentais: 33% estão afastados por depressão, 26% por ansiedade, 13% pela síndrome de burnout e 11% por síndrome do pânico.

Tais condições precárias de trabalho são agravadas se levarmos em consideração a atual defasagem de pessoal no banco. Em 2020, o Ministério da Economia autorizou o aumento do quadro de 84.544 para 87.544 empregados até o ano seguinte.

Em outubro de 2021, a Caixa ainda estava com 1.772 a menos do total autorizado. Guimarães chegou a anunciar que 10 mil vagas seriam abertas, mas a promessa nunca se concretizou.

Com isso, o número de clientes por empregado subiu para 1.775, segundo estudo do Dieese. Em 2018, eram 1.070.

O que nos resta agora é lutar para que a nova gestão da Caixa tenha mais sensibilidade e compromisso com aqueles que representam a força-motriz do banco: os empregados.

Não podemos tolerar que horrores como os ocorridos durante a presidência de Pedro Guimarães se repitam. Só dessa forma poderemos preservar a saúde e segurança dos trabalhadores, assim como a credibilidade dos 161 anos da história de sucesso da Caixa.

  • Sérgio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae)

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