A inteligência artificial como forma de ampliar o acesso à saúde pública
Ao melhorar a comunicação com os usuários e otimizar o agendamento de serviços, essa inovação pode otimizar todo o ecosistema de saúde
Dário Saadi
atualizado
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Imagine um mundo onde marcar uma consulta médica seja tão fácil quanto enviar uma mensagem pelo celular e onde cada interação com o sistema de saúde seja personalizada, eficiente e sem complicações. Esse não é um cenário distante: em inúmeras cidades brasileiras, a inteligência artificial está se consolidando como ferramenta estratégica para humanizar a saúde pública.
O contexto que mencionei refere-se à tecnologia de processamento de linguagem natural (PLN). São assistentes virtuais capazes de acolher os usuários e dar encaminhamentos a trabalhadores do SUS sobre as demandas apresentadas.
O uso de robôs na comunicação e na gestão de agendamentos médicos reflete uma inovação essencial, com implicações profundas tanto para a eficiência quanto para a experiência do usuário.
O objetivo desses serviços é confirmar agendamentos para exames e consultas, um passo crucial no combate ao absenteísmo na rede pública, que atinge índices preocupantes em inúmeras situações, representando um grande desperdício de recursos e oportunidades perdidas para outros usuários. Ao confirmar a presença dos pacientes e lembrá-los de seus compromissos, os chatbots contribuem significativamente para a otimização dos serviços de saúde.
Além de reduzir o absenteísmo, essa tecnologia também permite um melhor gerenciamento de recursos. Quando pacientes desmarcam, o SUS pode reagendar essas vagas para outras pessoas, aumentando a resolutividade do sistema e reduzindo o tempo de espera por atendimento.
Ao melhorar a comunicação com os usuários e otimizar o agendamento de serviços, essa inovação tem o potencial de aumentar a resolutividade, reduzir o desperdício de recursos e melhorar a experiência da população no SUS.
Além disso, essa iniciativa destaca o papel cada vez mais importante da tecnologia na transformação dos serviços de saúde, promovendo uma abordagem mais integrada e responsiva às necessidades dos pacientes.
Avanços
A tecnologia empregada nos chatbots vai além de simples comandos binários de “sim” ou “não”. Eles são capazes de interpretar respostas mais complexas. Essa capacidade de compreender a linguagem humana de maneira mais sofisticada é fundamental para garantir uma interação mais eficaz e menos frustrante para os usuários.
A expansão da inteligência artificial para outras demandas do SUS é um passo promissor. Em ambientes hospitalares, por exemplo, procedimentos como cirurgias são marcados e a precisão na confirmação de agendamentos é ainda mais crítica.
A utilização desses robôs não só otimiza o processo de confirmação, mas também libera recursos humanos para outras tarefas importantes em saúde.
A inteligência artificial tem ido além, permitindo o desenvolvimento de estratégias promissoras em saúde preventiva, em campanhas e com a customização de recomendações a usuários conforme sua fisiologia e necessidades.
Diagnósticos e tratamentos
Redes Neurais Convolucionais (CNNs), que são um tipo de rede neural artificial que se especializa em processar dados estruturados em grade, como imagens e séries temporais, têm sido usadas para identificar padrões nas imagens e as classificam como normais ou anormais, facilitando diagnósticos e agilizando tratamentos.
Sistemas de apoio à decisão clínica sugerem opções de tratamento com base em diretrizes de saúde e evidências científicas. Tudo isso aponta para um futuro no qual a saúde pública será capaz de proporcionar mais qualidade de vida a todos os cidadãos.
Campinas, uma cidade marcada por sua história de inovação e promoção dos saberes científicos e tecnológicos, também marca presença nessa infinidade de avanços. Criamos a assistente virtual “Ana”, que está abrindo um novo capítulo na história da saúde pública.
A medida faz parte do programa “Acesso Fácil”, que busca ampliar a oferta dos serviços de saúde e agilizar o atendimento. O chatbot já tem começado a fazer a diferença em nossa cidade, para o bem-estar e qualidade de vida da população.
O desafio de aquisição dessas novas tecnologias é vasto, mas as possibilidades são ainda maiores. A integração da inteligência artificial na saúde não é apenas uma melhoria operacional; é um compromisso com um futuro em que cada indivíduo tem acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Podemos, com as nascentes tecnologias, garantir que todos tenham acesso aos cuidados de que precisam, quando precisam. A saúde pública é, e sempre será, nossa prioridade máxima. Vamos avançar com mais profissionais de saúde, mais leitos, mais exames, mais vacinas, mais prevenção e mais tecnologia. Este é o momento de agir, de inovar e de transformar. O SUS merece nada menos que nosso melhor esforço e nossa mais brilhante inovação.
- Dário Saadi é prefeito de Campinas