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A importância do teste caseiro na prevenção do câncer de boca

O alerta é importante, pois esse tipo de câncer é o sexto que mais mata no Brasil

Autor Luiz Eduardo Oliveira

atualizado

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1 de 1 boca sorriso dentista mulher - Foto: iStock/Foto ilustrativa

Todos nós conhecemos o perigo que representa o câncer à vida de uma pessoa. Por isso, exames de rotina devem ser feitos para monitorar e aumentar a possibilidade de detecção precoce de tumores e outras formações cancerígenas. Esse hábito facilita, e muito, o tratamento e a possível cura.

Para ajudar no diagnóstico, alguns tipos da doença podem ser detectados com exames caseiros. O mais famoso deles é o de toque, importante arma contra o câncer de mama. Poucos sabem, entretanto, que os cânceres orais também têm um teste simples que possibilita a descoberta precoce e um tratamento mais efetivo.

O alerta é importante, pois esse tipo é um dos mais letais no país. “O câncer oral representa o sexto tipo de câncer que mais causa mortes no Brasil, com uma previsão de 15.490 casos em 2016”, ressalta o Dr. Silas Antônio Juvêncio de Freitas Filho, cirurgião dentista e mestre em biologia celular pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

A realização do teste caseiro é simples. Na frente de um espelho, deve-se observar a mucosa oral à procura de feridas, manchas de coloração avermelhadas, escuras ou amareladas e até mesmo aftas estranhas que pareçam ser indolores — esses machucados podem ser uma neoplasia, algum tipo de câncer inicial.

Depois, deve-se puxar as bochechas, os lábios, olhar o palato (o céu da boca), embaixo e nas laterais da língua. O objetivo é procurar por qualquer tipo de caroço estranho ou machucado que a pessoa não saiba de onde veio ou seja indolor. É importante também passar os dedos nessas superfícies pois elas podem estar cobrindo um possível sinal e também para procurar caroços e outras formas de relevo incomuns.

“O paciente deve sempre comparar o lado esquerdo com o lado direito”, explica Dr. Silas. “Observe bem a mucosa oral, colocando ênfase também nas bordas posteriores, região onde se encontram, mais comumente, tumores malignos, juntamente com o dorso da língua. Posicione-a no palato para poder olhar o ventre (parte debaixo da língua)”, conclui. É importante ficar de olho nas manchas brancas, vermelhas ou que contenham as duas cores e, se encontrá-las, é preciso procurar um cirurgião dentista.

As causas do câncer oral são variadas — algumas são o motivo de discussão entre pesquisadores e dentistas. A maioria dos casos, entretanto, está relacionada ao hábito de fumar e à ingestão de bebida alcoólica. Mas também há também o fator hereditário, infecção por HPV e a má higiene, juntamente com, nos casos de câncer labial, a radiação ultravioleta do tipo B.

Pacientes que têm uma úlcera (parecida a uma afta) que não dói e parece não cicatrizar devem procurar um dentista, pois essa lesão pode ser um câncer

complementa Dr. Silas

Traumas mecânicos, entretanto, causam discussões entre pesquisadores. “Áreas da boca que recebem traumas constantes caracterizam zona de risco, pois há uma constante proliferação celular. Isso ocorre em pacientes com hábitos parafuncionais muito frequentes, como roer as unhas ou ficar mordendo a bochecha ou os lados da língua. O fator mecânico se caracteriza como um elemento de risco, porém, não há nada muito elucidado”, avalia o cirurgião dentista.

O grupo de maior risco é formado por homens acima de 50 anos, principalmente os que fazem uso constante de fumo e ingerem álcool, embora haja um aumento no número de casos em mulheres. “Os locais mais comuns em que os cânceres se desenvolvem são as bordas da língua, o lábio inferior e o assoalho bucal (a porção da boca que fica abaixo da língua), mas isso não impede o paciente de ter tumores em outras regiões”, resume Dr. Silas.

A maioria dos cânceres de lábio tem cura, porque normalmente são diagnosticados com mais rapidez. O paciente, por uma questão estética, costuma procurar o dentista após encontrar uma lesão aparente. Mas os machucados intraorais, por ficarem escondidos dentro da boca, são detectados mais lentamente por causa da falta de hábito das pessoas em examinar a área.

Esse dado ressalta a importância do autoexame, principalmente em pacientes de risco. “O prognóstico dos cânceres intraorais é um pouco pior, porque a maioria é diagnosticada em um estágio mais avançado. O tratamento de ambos os casos consiste em cirurgia e radioterapia. A quimioterapia para o carcinoma epidermoide, que representa 90% dos casos de câncer oral, não é uma ferramenta muito utilizada, pois ele não responde tão bem”, levanta o especialista.

“Um estudo publicado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) demonstra que tumores em estágio mais avançado nos lábios têm uma taxa de cura maior que certos tumores intraorais mesmo em estágios iniciais. A região é altamente vascularizada e contém muitos linfonodos, o que aumenta a possibilidade de metástase desses tumores”, explica o cirurgião dentista.

Vale a pena ter em mente que a boa higiene bucal é um fator importante tanto para evitar o aparecimento de neoplasias quanto para facilitar a detecção dos mesmos. Um indivíduo que tem o hábito de escovar os dentes e passar fio dental tem menos chance de desenvolver um câncer e também mais possibilidade de detectá-lo.

Esse procedimento, mesmo que importante, não substitui a visita a dentistas, pois profissionais qualificados estão aptos a procurar, diagnosticar e realizar medidas adequadas de tratamento.

Os tumores podem ter de vários tamanhos. Uma lesão pequena não indica que seja menos agressiva do que uma grande. Muitas pessoas têm medo ou vergonha de ir ao dentista por razões diversas, mas deve-se ter em mente que a saúde está sempre em primeiro lugar

conclui Dr. Silas

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