A Era da Colaboração é mais do que “compartilhar” posts no Facebook
Compartilhamento e colaboração mudam não só os relacionamos, mas também os modelos de negócio e de consumo
Leo Renato
atualizado
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Estamos na Era do Compartilhamento e da Colaboração. E não há dúvidas de que, com os avanços tecnológicos, principalmente da internet, as formas de compartilhar objetos, conteúdos e até a própria casa, além da colaboração na hora de ajudar outras pessoas, são potencializadas com a conectividade.
Na Era do Compartilhamento, além de mudar a nossa relação com o consumo, que tem sido mais consciente, deparamo-nos com a criação de novos modelos de negócios, como o coworking. O impacto dessas mudanças já é uma realidade no cotidiano de empresas e pessoas.
O problema é que se houvesse algum imprevisto nas vias, essa informação poderia demorar para chegar ao ouvinte. Com a conectividade, nós recebemos o alerta em tempo real e conseguimos desviar a rota de acordo com a necessidade. E, o melhor, o próprio aplicativo nos sugere o caminho mais eficiente a ser seguido.
Nós somos colaborativos há muito tempo. No caso do trânsito, por exemplo, você poderia ligar para uma emissora de rádio e avisar sobre algum acidente que comprometia o fluxo da via. No entanto, é inegável que a informação jamais chegaria à audiência com a velocidade que a internet proporciona.
As plataformas de colaboração estão cada vez mais em alta. Muitas vezes, não é necessário um grande investimento para colocar uma ideia na rua. Por meio de redes de financiamento coletivo, milhares de pessoas podem ser impactadas por algum projeto e se sentirem estimuladas a colaborar financeiramente com uma proposta inovadora.
Coisas que até bem pouco tempo poderiam ser imagináveis, mas, sem essa proximidade proporcionada pela internet, seriam muito mais trabalhosas para serem executadas. A vaquinha, por exemplo, é algo que existe há muito tempo, mas o alcance era limitado e a informação demorava bastante para chegar até as pessoas.
Hoje, com as redes sociais e as plataformas de financiamento coletivo, essa mesma informação trafega em segundos e o impacto é multiplicado.
Dessa maneira, os empreendedores passam a receber pequenas quantias de dinheiro de um expressivo número de pessoas, com potencial de arrecadar o equivalente ao que apenas grandes investidores poderiam aplicar naquela ideia.
E sobre o compartilhamento? Hoje, dividimos espaços para trabalhar, bicicletas, caronas, entre outros que já são realidade em nossa vida. Além disso, há algo importante dentro dessas relações que, na minha opinião, ajuda muito aqueles que participam: o estímulo ao microempreendedorismo.
Ao perceberem que alguns objetos podem ser úteis para outras pessoas, vemos nascer uma oportunidade. “Peraí, eu uso isso tão pouco, posso compartilhar?”. Vamos pensar no caso de uma furadeira. Imagino que você não use a ferramenta todos os dias, certo? Mas, com certeza, todos os dias há alguém precisando de uma.
Aí, você olha para a furadeira e vê que ela está parada, sem uso. Olha que oportunidade! Enquanto ela fica ali encostada no armário, alguém pode querer “alugar” só para um determinado serviço. E, o melhor, a garantia de uma renda extra. Sem contar que quem alugou não vai precisar comprar um novo equipamento.
Esses bens duráveis não necessitam ser produzidos em gigantesca escala, o que também ajuda a manter os recursos naturais.
Na hora de irmos para o trabalho, podemos nos organizar e ver a melhor opção a fim de evitar que os carros transportem apenas uma pessoa. A carona por meio de aplicativos que une as pessoas que dirigem àquelas que querem pegar uma carona só é possível graças à conectividade viabilizada pela internet.
Com esses novos modelos de negócios, que possibilitam o desenvolvimento de produtos e de serviços mais baratos, há uma democratização no consumo.
A internet, nesse modelo, consegue potencializar a aproximação das pessoas para que mais e mais consigam se conectar e compartilhar informações e bens. A democratização da internet torna todo o processo mais rápido e eficaz.
Não podemos nos esquecer, é claro, dos riscos e dos problemas recentes que apareceram por conta dessa nova forma de relacionamento. Os casos de assédio praticados por motoristas de aplicativos de transporte e a morte de uma enfermeira em São Paulo depois de combinar carona em um grupo de WhatsApp são exemplos de como devemos nos precaver.
Na verdade, essas mudanças nas relações humanas e de consumo sempre terão pontos negativos e devemos nos atentar. Mas acredito que o balanço ainda seja positivo.
A Era do Compartilhamento e da Colaboração é muito mais do que um simples “Compartilhar” no Facebook. Ela vem mudando não só a forma como nos relacionamos com outras pessoas, mas também os modelos de negócio e o consumo.
*Leo Renato Bernardes é jornalista e especialista em Marketing e Comunicação Digital