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A cultura do estupro e o que você pode fazer para mudar

Desde a última quarta-feira (25/5) muito tem se falado sobre a tal “cultura do estupro”. O termo tem sido amplamente disseminado nas redes sociais após a notícia da adolescente, de apenas 16 anos, ter sido estuprada por mais de 30 homens. Enquanto estava inconsciente, filmaram o corpo da menina nu e sangrando. Não satisfeitos com […]

Autor Heloisa Caixêta

atualizado

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Gui Prímola/Metrópoles
estupro
1 de 1 estupro - Foto: Gui Prímola/Metrópoles

Desde a última quarta-feira (25/5) muito tem se falado sobre a tal “cultura do estupro”. O termo tem sido amplamente disseminado nas redes sociais após a notícia da adolescente, de apenas 16 anos, ter sido estuprada por mais de 30 homens. Enquanto estava inconsciente, filmaram o corpo da menina nu e sangrando. Não satisfeitos com tanto terror, acharam que seria legal publicar o vídeo na internet. Um prêmio. Um troféu. Até o perfil ser tirado do ar, 500 pessoas acharam aquilo legal também. 500 coraçõezinhos “enfeitaram” aquela publicação. E seriam mais. Muito mais.

Antes de mais nada, nós precisamos entender o que é a “cultura do estupro”. Isso acontece quando a sociedade admite que determinadas atitudes da mulher são causadoras da violência contra ela. Entre os exemplos de comportamentos associados estão a culpabilização da vítima, a objetificação da mulher e a banalização da violência contra a mulher.

Apesar de o termo ter ficado em evidência nos últimos anos (ou seriam dias?) para parte da população brasileira, essa é uma expressão que existe pelo menos desde os anos 1970. Naquela época, americanas promoveram esforços para a conscientização da sociedade sobre a realidade do estupro. O movimento revelava que o estupro era um crime, não só comum, mas normal na cultura americana, e que era uma manifestação extrema da misoginia e do sexismo na sociedade.

Segundo estatística recolhida pela Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos. Como apenas de 30% a 35% dos casos são registrados, é possível que a relação seja “de um estupro a cada minuto”, de acordo com Samira Bueno, cientista social e diretora executiva FBSP. Ao todo, no Brasil, 47,6 mil mulheres foram estupradas em 2014, última estatística divulgada. 

A história da adolescente circula na internet e já teve muitas versões de como teria acontecido. Em nenhuma delas a garota havia sido encontrada na rua por um grupo de homens aleatórios (isso também não justificaria, é claro). Na verdade, ela estava em um ambiente conhecido, com pessoas familiares. Um ficante (ou talvez namorado); umas coleguinhas, como disse a avó. Pessoas em que ela confiava. Como acontece todos os dias.

Se você acha que não pratica a cultura do estupro, pare e pense. Pense mais um pouco. Se você continua achando que não o faz, pense em uma mulher que você gosta. Pode ser sua mãe, avó, irmã, prima, namorada, sobrinha, esposa. Pode ser sua colega de trabalho ou da época da escola. Faça apenas uma pergunta para ela: “O que ela já deixou de fazer por ser mulher?”. Pense na resposta e coloque-se no lugar dela. Agora, volte e pense tudo o que você já fez para colaborar com o medo de alguma mulher. Daqui para frente, eu torço para que você aja diferente. Pelo bem da sua mulher querida. E pelo bem de todas nós.

Lembre-se também daquela foto de uma mulher sensual que você recebeu no grupo dos “brothers da quadra”. Pense que poderia, sim, ser sua mãe, sua irmã, prima, colega. E lembre-se de como ela pode se sentir. Não repasse fotos, vídeos. Não assista. Não envie. Daqui para frente, eu torço para que você aja diferente. Pelo bem da sua mulher querida. E pelo bem de todas nós.

Entendeu ou não entendeu?

Os comentários abaixo são reais e foram retirados de postagens na página do Metrópoles no Facebook:

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Glossário:
Misoginia:
1. Aversão às mulheres.
2. Repulsão patológica pelas relações sexuais com mulheres.
Objetificação:
Ato ou efeito de objetificar
Sexismo:
1. Teoria que defende a superioridade de um sexo, geralmente o sexo masculino, sobre o outro.
2. Discriminação baseada em critérios sexuais.

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