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“Projeto Fuga” abre parque de diversões para a cabeça

Dalton Camargos usa espaço expositivo menos convencional e mais rico em potencial que o tão manjado cubo branco de uma galeria de arte

atualizado

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Bernardo Scartezini/Metrópoles
Projeto Fuga
1 de 1 Projeto Fuga - Foto: Bernardo Scartezini/Metrópoles

A Alfinete Galeria está pequena demais para as ideias de Dalton Camargos. Este ano, o camarada ampliou suas atividades. Partindo da lojinha da 103 Norte, chegou ao Lago Sul, aproveitando o ateliê de Valéria Pena-Costa como segundo endereço.

Eis a rota do “Projeto Fuga” a apontar para um espaço expositivo menos convencional e mais rico em potencial que o tão manjado cubo branco de uma galeria de arte.

A coluna “Plástica” já tinha dado uma banda por ali, há algumas semanas, numa performance do Grupo EmpreZa. Desta feita, voltamos à QI 26, Conjunto 5, Casa 1, para entender a segunda fase do “Projeto Fuga”, intitulada “Movimento #2”.

Novos artistas ocupam a casa-ateliê e os jardins de Valéria, sob coordenação de Dalton Camargos e de Luciana Paiva. Lá permanecem pelos próximos três meses. E a cada 15 dias, às sextas-feiras, uma atividade específica empresta dinâmica à brincadeira. Para o próximo dia 16/6, está prevista uma conversa com os artistas envolvidos no projeto.

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Escultura de Matias Mesquita: concreto e argila com concreto
Escultura de Claudia Washington: porcelana
Escultura de Marcos Anthony: madeira
Intervenção de Valéria Pena-Costa: casinhas de vidro
Matriz de monotipia de Ludmilla Alves: tecido e terra
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Escultura de César Becker: pedra e concreto

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Escultura de Matias Mesquita: concreto e argila com concreto

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Escultura de Claudia Washington: porcelana

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Escultura de Marcos Anthony: madeira

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Intervenção de Valéria Pena-Costa: casinhas de vidro

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Matriz de monotipia de Ludmilla Alves: tecido e terra

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Pense numa galeria a céu aberto em que uma exposição não chega a ser desmontada para a entrada de uma segunda exposição. Assim se apresenta “Movimento #2”. Os artistas convidados para esta segunda ocupação montam ali seus trabalhos, sem que os artistas do primeiro movimento tenham recolhido os seus.

Ao cruzar o portão da rua, é possível ver a casa mais ao fundo do terreno e a trilha parece bem definida, margeada pelas esculturas de pedra e concreto de César Becker, emprestando uma falsa sensação de segurança ao visitante. Mais vale, no entanto, ao incauto aventureiro deixar-se derivar para dentro do jardim, pisando o terreno incerto da arte contemporânea.

Um terreno que comporta também touceiras de capim e materiais de construção estocados pelos cantos do lote, meio que se confundindo com as peças ali erguidas, num diálogo entre obra e entulho

Nesse ambiente, as estruturas verticais de concreto e argila de Matias Mesquita podem até sugerir uma falsa impressão de inacabadas, deixadas pela metade — mas suas mil texturas são puro artifício, e não acidente algum.

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Detalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo
IDetalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo
Intervenção de Gisel Carriconde Azevedo: plástico e papel prata
Detalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo
Detalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo
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Intervenção de Gisel Carriconde Azevedo: acrílico e papel ouro

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Detalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo

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Intervenção de Gisel Carriconde Azevedo: plástico e papel prata

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Detalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo

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Detalhe de intervenção de Gisel Carriconde Azevedo

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Perceba que Gisel Carriconde Azevedo embalou com plástico uma mangueira. O tronco e alguns dos galhos da árvore foram agasalhados pelo material industrializado. E a goiabeira ao lado recebeu uma moldura a seus pés.

Placas de acrílico criam um patamar donde a arvorezinha se destaca, e onde sua imagem se reflete, duplicada como num espelho. Pinceladas de papel ouro adornam a goiabeira. Pinceladas de papel prata, a mangueira.

(A lembrar: Gisel, neste momento, também participa de uma coletiva no Elefante Centro Cultural. Dentro da mostra “Outros Informes”, a artista utiliza semelhante pensamento, talvez em sentido oposto, ao partir de uma escultura para repetir a forma desse objeto, como uma estampa serializada, carimbada em papel de parede e cortinas, envelopando todo ambiente em que se encontra a peça.)

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Vídeos de  Luciana Ferreira
Vídeos de  Luciana Ferreira
Vídeos de  Luciana Ferreira
Vídeos de  Luciana Ferreira
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Vídeos de Luciana Ferreira

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Vídeos de Luciana Ferreira

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Vídeos de Luciana Ferreira

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Vídeos de Luciana Ferreira

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Vídeos de Luciana Ferreira

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Vídeos de Luciana Ferreira

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Contornando a mangueira de Gisel, podemos chegar ao banheirinho de Luciana Ferreira. O aspecto externo da casinha não chega a ser dos mais convidativos, oras, mas por favor: feche a porta atrás de si e permita-se um momento de imersão. Dentro daquela intimidade de vaso sanitário + pia + chuveiro, Luciana apura o olhar e o tato.

Três monitores de vídeo, pendurados nas paredes do banheiro, apresentam uma ação de Luciana naquele exato espaço. São três planos-sequências, sem palavras, deixados em looping, em que a imagem de Luciana parece lentamente submergir no banheirinho, percorrendo o percurso entre a hesitação e o acolhimento.

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Detalhe de ambiente de Valéria Pena-Costa
Detalhe de ambiente de Valéria Pena-Costa
Detalhe de ambiente de Valéria Pena-Costa
Intervenção Isadora Dalle: papel e porcelana
Ambiente do Projeto Lacuna
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Ambiente de Valéria Pena-Costa

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Detalhe de ambiente de Valéria Pena-Costa

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Detalhe de ambiente de Valéria Pena-Costa

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Detalhe de ambiente de Valéria Pena-Costa

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Intervenção Isadora Dalle: papel e porcelana

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Ambiente do Projeto Lacuna

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Também se sentirá acolhido o visitante que, após perambular pelo jardim, cruzar o patamar da casa-ateliê de Valéria Pena-Costa. A casa está um tanto condenada, adernada, atacada por cupins, infiltrações e rachaduras. Ambiente que descortina o imaginário de nossa anfitriã.

Valéria há pouco esteve em cartaz no endereço oficial da Alfinete com sua mostra “Still Life – Estudos para uma Natureza (Quase) Morta”. Também já conversou com a coluna “Plástica” sobre seu processo criativo. E ali ela se espalha na sala principal da casa.

Enquanto os dois quartos da casa abrigam propostas paralelas. Allan de Lana monta um espaço um tanto austero para que se destaquem os ruídos de sua áudio-instalação. Já Mayra Miranda, a artista por trás do Projeto Lacuna, abraça o kitsch para ambientar uma série de trabalhos em videoarte entre o erotismo e a pornografia.

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Isadora Dalle deixou num cantinho da cozinha pedaços empilhados de reboco de parede. Que, na verdade, são um material artesanal, feito com papel e porcelana, a emular o aspecto de um reboco de parede.

Ao longo dos três meses deste “Movimento #2”, Isadora voltará repetidamente à QI 26 e a esse material para desenvolver uma ação a ser registrada em vídeo.

Pois o movimento do “Projeto Fuga” não para. Um trabalho se desdobra em outro e interfere num terceiro e sugere ainda outro mais adiante

Nesse clima, Thalita Perfeito foi parar num lote vazio, descendo a rua de Valéria, para fazer uma performance que está sendo exibida em vídeo no “Fuga”.

Gentilmente atendendo a um pedido da coluna “Plástica”, Thalita Perfeito nos empresta aqui as imagens de “Finalmente Tirei Essas Telas do Meu Quarto #2” (2017).

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