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Perigo de gol: solta o verbo, Neymar!

Esqueçam mais essa polêmica com o atacante brasileiro. Afinal, xingar o adversário não é querer-lhe mal. Pelo menos, não para sempre…

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Julian Finney/Getty Images
Brazil v Costa Rica: Group E – 2018 FIFA World Cup Russia
1 de 1 Brazil v Costa Rica: Group E – 2018 FIFA World Cup Russia - Foto: Julian Finney/Getty Images

Parem as prensas, pois o camisa 10 da Seleção Brasileira foi flagrado – em qualidade full HD 4k – proferindo sonoras ofensas aos seus inocentes adversários, em plena Copa do Mundo.

O parágrafo anterior contém ironia, mas é livre de açúcares, calorias e de glúten. Fica o registro das informações nutricionais para os que, por ventura, se vejam obrigados a deglutir o batráquio.

A polêmica se instalou depois da vitória da Seleção por 2 x 0 em cima da Costa Rica, já que, no decorrer do baba, o poliglota Neymar foi surpreendido diversas vezes dirigindo ofensas em baixo calão fluente contra adversários, companheiros e até (máxima transgressão) contra o juizão.

A internet fomentou o debate ao compilar e reproduzir os atos em sonoros vídeos curtos e GIFs animados. O mais curioso é que o GIF não possui som, mas a leitura labial faz ressoar os palavrões de Ney, que trovejam pelos ossos do crânio de internautas horrorizados.

Não é pra tanto. Claro que não. Nunca foi. Nunca será. Xingar o adversário não é querer-lhe mal. Talvez até seja, mas ainda assim é uma malquerência transitória, pensada apenas por e para um momento específico. Porém, não é pessoal.

Levar vantagem
Ora, é necessário se impor para levar vantagem na acirrada disputa psicológica, que pode ser o diferencial entre a vitória e a derrota no esporte de alto rendimento.

Exiba sua força, para não ter que usá-la. Mande tomar no orifício corrugado ínfero-lombar e adquira o badge dourado do respeito.

Convenhamos, o futebol é um esporte dominado pelo coração. Quem vive e joga o futebol sabe que esse esporte só é acessível e apreensível pela emoção.

Além disso, no amor e na guerra, alguns valores fundamentais só podem ser transmitidos por meio dos mais impublicáveis impropérios.

Não sintam tanto pelos adversários de Neymar, pois eles estão habituados e preparados para isso.

Em quase todos os idiomas antigos e modernos, os palavrões são em sua totalidade termos representativos de situações relativas à sexualidade. Termos que descrevem órgãos ou relações sexuais ao interlocutor.

Surpresa
Procure por um palavrão qualquer que não faça alusão à sexualidade e falhe miseravelmente. Caso encontre algum – contrariando toda a lógica vernacular e os padrões da psiquê humana – certamente será algo ameno demais para ofender alguém.

Não nego que apesar de conviver pacificamente com os palavrões desde a quinta série, de vez em quando um deles ainda me surpreende. Mas, nessas situações, a surpresa vem de ouvir um palavrão de alguém que você não espera que seja capaz de dizê-lo.

Ou seja, se eu entrar num elevador e der bom dia ao Caio Ribeiro e ele responder com um palavrão, o choque será imediato, mas não por causa da palavra em si.

Contudo, dentro das quatro linhas, numa partida decisiva de Copa do Mundo (todas são), eu quero mais é que o meu 10 procure as mais tenebrosas ofensas, de preferência do idioma do rival.

Tambores de guerra
E se o meu 10 xingar os próprios companheiros não será ofensa, será uma mensagem motivacional. Um “vamo lá, porra” dito na hora certa tem o poder de um rufar dos cem mil tambores da guerra. Assim, espero que os companheiros ao ouvirem essas palavras, façam coro e bradem as suas frases idiossincráticas, também. Não é para ninguém ficar chateado com ninguém, porra. O jogo acaba e fica tudo bem.

Há todo um importante espectro da experiência humana que só é acessível e quantificado por meio dos palavrões. Estou falando de uma parcela muito grande. Imensa. Exacerbada. Descomunal. Ou seja, coisa pra caralho.

Solta o verbo, Neymar. Vai pra cima deles, mostre os dentes e declame suas odes e públicos panegíricos às mamães deles, elas que nos perdoem

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