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Perigo de gol: Oh captain, my captain

O capitão sabe que não adianta marchar sozinho. Ele não pode deixar nenhum homem para trás, tem que ser o primeiro a colocar o pé no campo

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Lukas Schulze – FIFA/FIFA via Getty Image
England v Panama: Group G – 2018 FIFA World Cup Russia
1 de 1 England v Panama: Group G – 2018 FIFA World Cup Russia - Foto: Lukas Schulze – FIFA/FIFA via Getty Image

Capitão tem origem no latim “caput” que significa cabeça, e desde a Idade Média é utilizado como a designação geral de chefe, sobretudo no âmbito militar

No futebol, o capitão é a voz do treinador dentro de campo. É o único que tem autorização para, polidamente, parlamentar com o juizão durante o jogo.

A importância de um capitão transcende as quatro linhas, mas em campo é fundamental. Ele é necessário para manter o moral do time elevado, para resgatar um ou outro de qualquer desvio do plano psicológico mínimo exigido para se buscar a vitória.

Liderança técnica, experiência, equilíbrio emocional, autodeterminação, são características essenciais que deve possuir um bom capitão, mas ainda não inventaram nada melhor e mais essencial para um grande líder do que o coração.

Um grande capitão deve ser capaz de amar e odiar na mesma proporção e ir, numa fração de segundos, de um incentivador “vamo lá, porra” para uma censura virulenta como “tá de sacanagem?”.

Falo aqui do ódio construtivo, que é quase indistinguível da ambição e da vontade de conhecer e, quem sabe, superar os próprios limites.

O que aqui chamamos de ódio não é sentimento dirigido a alguém específico ou a uma instituição. Antes, é um estado de espírito. Um desejo. Uma busca constante pelo autoconhecimento e pela realização de um objetivo comum.

O capitão sabe que não adianta marchar sozinho. Ele não pode deixar nenhum homem para trás, tem que ser o primeiro a colocar o pé no campo de batalha e o último a sair.

Se o Brasil conquistar o apetecido hexacampeonato mundial, teremos mais um capitão na lista de jogadores que ergueram a taça do mundo a ombrear com Bellini (1958), Mauro (1962), Carlos Alberto Torres (1970), Dunga (1994) e Cafú (2002).

O mais curioso é que até agora ninguém sabe quem será esse homem, pois, desde que assumiu, o professor Adenor instituiu o rodízio de capitães na Seleção Brasileira.

Sob seu comando, a Seleção já teve mais de 20:

Miranda – Equador 0 x 3 Brasil

Daniel Alves – Brasil 2 x 1 Colômbia

Renato Augusto – Brasil 5 x 0 Bolívia

Filipe Luís – Venezuela 0 x 2 Brasil

Daniel Alves – Brasil 3 x 0 Argentina

Fernandinho – Peru 0 x 2 Brasil

Robinho – Brasil 1 x 0 Colômbia

Miranda – Uruguai 1 x 4 Brasil

Neymar – Brasil 3 x 0 Paraguai

Thiago Silva – Brasil 0 x 1 Argentina

Philippe Coutinho – Austrália 0 x 4 Brasil

Marcelo – Brasil 2 x 0 Equador

Paulinho – Colômbia 1 x 1 Brasil

Casemiro – Bolívia 0 x 0 Brasil

Marquinhos – Brasil 3 x 0 Chile

Willian – Brasil 3 x 1 Japão

Daniel Alves – Inglaterra 0 x 0 Brasil

Alisson – Rússia 0 x 3 Brasil

Daniel Alves – Alemanha 0 x 1 Brasil

Gabriel Jesus – Brasil 2 x 0 Croácia

Miranda – Áustria 0 x 3 Brasil

Marcelo – Brasil 1 x 1 Suíça

Thiago Silva – Brasil 2 x0 Costa Rica

Miranda – Brasil 2 x 0 Sérvia

Toda equipe vencedora na história do futebol foi em algum momento amalgamada por um tipo de lealdade daquelas que não se conquista bebendo leite ou jogando videogame. As marcas das batalhas travadas, perdidas e vencidas são o que unem um grupo em torno de seus líderes.

Líderes, sim. Assim mesmo no plural. Pois outra característica de grupos vencedores é a (natural) multiplicidade de lideranças.
Para ficarmos num exemplo arrebatador, miremos no escrete de 1994. Um time repleto de líderes: Ricardo Rocha, Mauro Silva, Taffarel, Branco, Raí, Jorginho, Zinho, Bebeto e Romário. Cada um líder a seu estilo. No decorrer da disputa, toda essa variedade foi canalizada numa única liderança, a de Dunga, que tão bem nos representou.

Não ouso duvidar do hexa. Ao contrário, cada dia me parece mais certo que ele virá. E é claro que não será a falta de um capitão fixo que atrapalhará esse processo inexorável.

Porém, ainda me incomoda imaginar a Seleção como um barco à deriva, sem a devida referência nos momentos mais difíceis e nas transições. O comandante deve estar sempre ao leme, dia e noite. Sempre a postos e imbuído dos elevados valores de seu dever.

E nessa hora, mais do que nunca, nós, que somos o Brasil, confiamos que cada homem cumpra o seu dever.

As vezes, eu só quero um capitão que diga isso a eles.

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