Sudoeste e Octogonal querem diversão e arte
Moradores das duas regiões, que integram a mesma RA, reclamam da falta de espaços culturais
atualizado
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Vizinhos, a Octogonal e o Sudoeste são dois bairros com histórias bem diferentes. O primeiro nasceu na década de 1970 e é composta por sete condomínios fechados, cuja população sempre precisa atravessar grades para utilizar o comércio e outros serviços. O segundo é uma das localidades mais novas do Distrito Federal. O Sudoeste só saiu do papel em 1989, a partir do projeto Brasília Revisitada, do urbanista Lúcio Costa. Formado por quatro avenidas, ele tem um comércio rico, com bares, restaurantes, farmácias e salões de beleza. Mas os moradores de ambos os bairros lamentam não ter um espaço cultural para “chamar de seu”.
“O Sudoeste foi muito pensado na questão de habitação, assim como as asas Sul e Norte. Quem mora nessas localidades tem poucas opções, como o Clube Vizinhança e o Cine Brasília. Não é o suficiente para atender a população”, destaca a servidora pública Edna Mendonça.
Temos um bom comércio, com bancos, mercados, cursos e academias. Eu poderia fazer tudo aqui, se não fosse pela questão cultural
Edna Mendonça, moradora do Sudoeste
Na Octogonal, quem reclama é o sargento da Aeronáutica Paulo Castro, 32 anos. “Realmente temos poucos espaços para eventos livres culturais. Esses locais poderiam reunir os moradores, que vivem isolados em seus condomínios”, desabafa. Pai de dois filhos – sete e 11 anos -, ele conta que muitas vezes precisa ir ao Parque da Cidade ou a pontos mais distante em busca de lazer e diversão para a família.
Outros ventos
De acordo com Paulo Ramos Feitosa, administrador regional, vários projetos culturais estão em andamento. “Haverá uma programação cultural forte no Parque Bosque do Sudoeste. Estamos só esperando o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) passar a administração do espaço para a gente. E isso pode acontecer a qualquer momento”, avisa.
Entre os 37 projetos em desenvolvimento, também estão a criação do primeiro Conselho Administrativo Comunitário. “Junto com o Cruzeiro, seremos a primeira RA a montar esse conselho, cujas eleições estão previstas para acontecer até outubro. É um passo muito importante para fazer uma real gestão democrática participativa”, comenta. Outra aposta para movimentar a região é a agenda de eventos com food truck. “De duas a três vezes na semana, haverá grupos de food truck em dois pontos fixos na cidade. Em contrapartida, eles não poderão parar em outros locais”.
Era uma vez um teatro…
Criado em 2002, o Teatro Caleidoscópio foi, por 10 anos, o único teatro do Sudoeste. Em abril de 2013, o espaço fechou as portas em decorrência de várias questões, entre elas, a dificuldade de manutenção.
“Não é fácil manter um espaço privado – que tem aluguel e impostos de pessoa jurídica, como PIS e Cofins – sem apoio ou patrocínio”, diz André Amaro, criador do teatro. “Quando surgiu a oportunidade de fazer um curso na Espanha, vi que não teria como deixar o local com outra pessoa. Fechei e lamentei profundamente”, completa.
De volta a Brasília, Amaro está desenvolvendo curtas-metragens a serem rodados em Brasília e em Madrid. “Por enquanto, meu foco está no cinema, mas o teatro faz parte de mim. Todo o material do Caleidoscópio foi para a trupe do Teatro Moitará, no Rio de Janeiro. Como acordo, combinei que poderia levar os espetáculos para lá. Brasília perdeu um teatro para o Rio, infelizmente, dessa maneira”, lamenta.