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Intolerância? Incêndio destrói parte de centro espírita em Sobradinho II. Uma pessoa ficou ferida

Responsável pelo local acredita que ação foi criminosa. Fato ocorreu uma semana depois de ser criada uma delegacia para investigar crimes dessa natureza

atualizado

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Tamires Alves/Arquivo pessoal
incêndio terreiro
1 de 1 incêndio terreiro - Foto: Tamires Alves/Arquivo pessoal

Uma semana após a criação da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, um incêndio destruiu parte do centro espírita Chão de Flores, em Sobradinho II, na madrugada desta sexta-feira (29/1). Segundo informações do Corpo de Bombeiros, um homem de 24 anos teve queimaduras nos pés, nos braços, no rosto e no pescoço. Ele foi encaminhado ao Hospital Regional de Sobradinho.

Guilherme Varandas, assistente social responsável pelo centro, afirmou que há sinais de arrombamento e ele acredita que o fogo tenha sido colocado na sala de costura, onde teria mais chances de se propagar. “É muita tristeza. Isso denota intolerância religiosa”, lamentou, lembrando que não é a primeira vez que o local é invadido.

Segundo Guilherme, o Centro Espírita Chão de Flores funciona em Sobradinho há 38 anos e, mesmo com o local incendiado, os trabalhos vão continuar. “Serviremos nossa sopa amanhã (30) na parte que sobrou. Estamos aqui há muito tempo e não vamos parar.”

Toda a parte interna do centro foi consumido pelo fogo. O lote abriga três casas e 12 pessoas moram próximo ao local incendiado. Tamires Alves, de 27 anos, é uma das moradoras da região. Ela conta que todos dormiam no momento em que as chamas começaram a consumir o espaço. “A gente suspeita que tenha sido um curto-circuito”, contou ao Metrópoles. Ela também afirmou que o centro foi atacado há alguns anos.

Tamires Alves/Arquivo pessoal
*Tamires Alves/Arquivo pessoal**

A perícia foi acionada e deve determinar as causas do incêndio em até 30 dias. O caso está sendo investigado com prioridade pela 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II), uma vez que a unidade policial especializada só deve começar a funcionar na próxima semana.

Intolerância
Desde o ano passado, centros religiosos do Distrito Federal e do Entorno sofreram ataques quase simultâneos. Na madrugada de 12 de setembro foram registradas três agressões. A primeira, na casa de Babazinho de Oxalá, em Santo Antônio do Descoberto (GO). O local ficou totalmente destruído. Foi o segundo ataque no terreiro em pouco tempo.

A casa de Baba Djair de Logun Ede, em Águas Lindas (GO), teve o portão destruído com um carro e foi parcialmente incendiada. O terreiro Pai Adauto, em Valparaíso (GO), foi apedrejado durante a mesma madrugada. Em 27 de novembro, o terreiro Ylê Axé Oyá Bagan foi incendiado no Paranoá.

O último ataque foi registrado neste mês de janeiro, quando o centro espírita Casa do Caminho e a creche espírita Ponto de Luz, em Santa Maria, foram invadidos.

Medidas do GDF
Há duas semanas, um decreto publicado no Diário Oficial do DF instituiu a criação do Comitê Distrital de Diversidade Religiosa (CDDR). A principal função do grupo é garantir a liberdade religiosa e instaurar mecanismos de combate à intolerância.

Seguindo a mesma linha, o governo local criou, na semana passada, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência. O anúncio de que a unidade policial especializada seria criada foi feito pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em 28 de novembro, quando visitou o terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, incendiado um dia antes no Paranoá.

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