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Idoso analfabeto é constrangido em banco e filho denuncia o caso

José Pereira, 88 anos, sempre usou a digital no Banco do Brasil. Na última visita, a instituição teria negado um serviço pela ausência da assinatura do aposentado. O episódio ocorreu em uma agência de Sobradinho

atualizado

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Banco do Brasil
1 de 1 Banco do Brasil - Foto: Wikimedia

Os 88 anos do aposentado José Pereira não impediram que uma agência bancária em Sobradinho o submetesse a uma situação constrangedora na última segunda-feira (2/5). Todos os anos, ele é chamado pelo Banco do Brasil para fazer a chamada “prova de vida” — regra do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) instituída para comprovar se a pessoa está viva, mediante apresentação do documento de identificação.

Ao lado do filho, José aproveitou a visita para pedir uma nova senha do cartão, já que havia perdido o papel com o código que o permitia fazer saques e movimentações. A solicitação feita em outras ocasiões foi negada. O motivo: José não sabe assinar o próprio nome, pois é analfabeto.

Mesmo alegando que esse procedimento sempre foi realizado por meio da coleta da impressão digital, o jornalista Edmar Araújo, 33 anos, que acompanhava o pai, recebeu a informação de que ele teria que fazer uma procuração reconhecida em cartório. “A meu pai, cidadão brasileiro de quem a condição de vivo foi convalidada, foi negado o saque de sua aposentadoria mesmo ele estando presente”, lamentou.

Edmar Araújo pagou R$ 34 no documento. Antes de desembolsar o dinheiro, ele publicou, em seu perfil no Facebook, um texto contando todo o aborrecimento sofrido pelo pai. Em um trecho da publicação, ele menciona: “Me vi obrigado a emitir uma procuração pública para que eu, sendo seu procurador, possa trocar a senha. A mulher perguntou se ele conseguia assinar, e o meu velhinho, morrendo de vergonha pela situação, não conseguiu falar e balançou a cabeça negativamente”.

Após a divulgação do caso, o banco entrou em contato com o jornalista. Ele retornou à agência e um funcionário  admitiu que a instituição havia errado ao pedir a assinatura de José. Toda a conversa foi gravada por Araújo.

 

Mesmo a agência assumindo a falha, o Banco do Brasil enviou uma mensagem privada para Edmar, no perfil dele do Facebook. No texto, a instituição disse ser “juridicamente indispensável, para a formalização de contratos, que a pessoa analfabeta seja representada por procurador nomeado por meio de instrumento público”. A explicação, no entanto, foi bem diferente da apresentada pelos servidores do banco.

As justificativas apresentadas por escrito ao jornalista não minimizaram o aborrecimento sofrido pelo aposentado. Ele ainda cogita entrar com um processo por danos morais contra a empresa.

O Metrópoles entrou em contato com o banco e, em nota, a empresa apenas declarou que o “Banco do Brasil contatou o cliente e solucionou a demanda dele em novo atendimento. O banco reforça que possui como premissa o atendimento com cordialidade e segurança a todos os seus clientes, independentemente da sua condição econômica ou social e ressalta ainda que reforçou a orientação da sua equipe quanto aos procedimentos necessários”.

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