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Em São Sebastião, projeto forma campeões na vida

Moradores da RA aprendem jiu-jitsu em iniciativa voluntária. Comunidade é a maior parceira

atualizado

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Projeto social Jiu Jitsu em São Sebastião
1 de 1 Projeto social Jiu Jitsu em São Sebastião - Foto: null

O professor de jiu-jitsu Adalberto Antônio Ventura, 44 anos, mais conhecido por Betinho, conseguiu realizar um grande sonho e montar o Projeto Social Campeão no Esporte e na Vida. Dando aulas em academias particulares de São Sebastião, ele percebeu que muitos alunos desistiam do esporte, pois os pais ou responsáveis não tinham condições de continuar pagando as mensalidades. “Os alunos eram bons, eram boas pessoas e eu não queria que eles parassem. Tinha de fazer alguma coisa para ajudar”, conta Betinho.

Com nove meses de existência, o projeto conta com cerca de 150 alunos, com idades entre 4 e 42 anos. Toda semana, Betinho recebe novas fichas de inscrição. Com o aumento da procura, ele conta com a ajuda de cinco professores voluntários, um deles até campeão mundial, que foram seus alunos. A iniciativa, que não cobra mensalidade, se mantém com donativos e ações voluntárias da comunidade e dos pais dos alunos.

A professora Cleidiana Lopes de Souza, 35 anos, ajuda na limpeza do tatame. Chega sempre mais cedo para levar a filha Talita, 4, à aula. “Meu marido ficou sabendo do projeto e não pensamos duas vezes ao trazer a Talita. A rotina dela mudou e até a questão de regras e limites está melhor”, afirma.

Fotos: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Cleidiana Lopes de Souza (mãe), Talita, 4 anos

O professor garante que os treinos fazem diferença na vida dos alunos, que poderiam ficar nas ruas, sujeitos a más influências. A Administração Regional de São Sebastião cedeu um espaço. “Antes o lugar era cheio de mato, dentro do prédio tinha muito entulho, as telhas estavam quebradas. Mas os alunos encararam o desafio e começamos uma força-tarefa para transformar o nosso espaço”, disse Betinho.

 

 

Família que treina unida…
As famílias se envolvem tanto que muitos pais fazem aulas com os filhos. Foi o que aconteceu com a dona de casa Francisca Zeneide da Silva, 42 anos. O filho mais velho, Weverton, 24 anos, começou a treinar há três anos, mas acabou parando. Depois de um tempo, resolveu voltar ao esporte, pois estava se sentindo sedentário, e um amigo indicou o projeto.

Após um tempo, a irmã Kayllane Priscila, 12 anos, foi assistir ao treino do irmão e tomou gosto pela luta. “Eu já tinha feito ballet, mas não gostava. Do jiu-jitsu eu gosto e não penso em largar”, diz a menina. Incentivada pelo marido e filhos, a mãe começou os treinos e já afirma com convicção: “Um dia eu vou pegar a medalha de ouro”.

As aulas mudaram a vida da família. Weverton saiu do mundo das festas e está focado na luta. Kayllane reduziu o tempo que ficava no computador e no celular. Francisca ri ao contar que ocupava muito do seu tempo assistindo a novelas. Outra parte positiva é o tempo adicional que conseguem passar juntos três vezes por semana. “Isso aqui mudou a minha vida”, comemora  Weverton.

Kayllane Priscila, 12 anos, Francisca Zeneide da Silva (mãe), Weverton, 24 anos (filho)

 

Mais velho de quatro filhos, Kennedy Oliveira dos Santos, 10 anos, treina com mais dois irmãos no projeto:  Keven, 7, e Maria Eduarda, 6. Todos estudam de manhã e fazem as aulas à noite. Apesar da pouca idade, Kennedy sabe muito bem os benefícios do jiu-jitsu: “É bom para aprender disciplina e cuidar dos meus irmãos mais novos, que ficam aqui comigo. Quando eu crescer quero ser professor de luta”. O caçula, Carlos Eduardo, 3 , ainda não tem idade para treinar, mas já acompanha o irmão e espera ansiosamente entrar no projeto ano que vem.

Ajuda da comunidade
O projeto se mantém com donativos. Pais e alunos doaram pia e vaso sanitário, ajudam na limpeza do espaço e na manutenção. A maioria das crianças não pode pagar pelo quimono, roupa utilizada no jiu-jitsu. O professor tirou dinheiro do próprio bolso para adquirir alguns, e outros foram doados por alunos com melhores condições e simpatizantes do projeto.

Entre os apoiadores do projeto está  o motoboy Magno Rezende, 26 anos. Ele levou o sobrinho Matheus, de 7 anos, para o projeto e ajudou a arrecadar dinheiro  para a reforma do centro de treinamento. De acordo com Magno, é difícil encontrar opções de lazer gratuitas na cidade e o projeto ajuda muito: “A luta ensina disciplina, mantém a criança ocupada, longe das drogas, e também tem a parte da saúde, que conta muito.”

O tatame e o telhado do galpão foram doados pela comunidade de São Sebastião

O Projeto Social Campeão no Esporte e na Vida já conquista o mundo.  Em junho deste ano, quatros alunos de Betinho foram disputar competições nos Estados Unidos. Um apoiador da iniciativa pagou passagens, hospedagem e todas as outras despesas. Um dos lutadores ficou em primeiro lugar e a única mulher do grupo conseguiu o segundo lugar.

“A missão do projeto é tirar crianças e jovens da rua, dar a oportunidade para eles conhecerem o esporte e, com o jiu-jitsu, ensinar respeito, lealdade, disciplina e educação. Formar cidadãos mesmo. Como o próprio nome diz, tem que ser campeão na vida e no esporte”, destaca.

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