Onda de roubos e furtos aterroriza comerciantes da Asa Norte
Bandidos atacam a qualquer hora, pelo subsolo das lojas, e no dia em que servidora do MinC foi morta assaltaram um salão na 407
atualizado
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Os ataques dos bandidos ao comércio da 407/408 Norte, região onde a servidora do Ministério da Cultura (MinC) Maria Vanessa Veiga Esteves, 55 anos, foi assassinada na noite de terça-feira (8/8), são constantes. Eles agem a qualquer hora do dia, armados, ameaçam as vítimas, arrombam os cadeados das grades e entram pelo subsolo das lojas. A tática evita flagrantes de câmeras de segurança nas ruas e não chama atenção da polícia e populares.
Doze horas antes de Maria Vanessa ser morta a facada, o salão de beleza Luiz Cabeleireiro, na 407 Norte, foi alvo de criminosos. De acordo com o dono, Luiz Silva Gonzaga Filho, 49, por volta do meio-dia, dois homens entraram no local com uma arma de fogo e renderam ele e duas funcionárias. A ação foi rápida.
“Foram os dois minutos mais eternos da minha vida. Um cliente tinha acabado de sair quando eles chegaram. Estava colocando o tapete na porta e eles entraram”, conta Luiz. Os criminosos conseguiram levar os celulares das vítimas.
Segundo ele, os bandidos pareciam ter entre 13 e 17 anos. Um deles rendeu e mandou o comerciante entrar. Luiz foi mantido no banheiro. “Uma colega de trabalho estava comigo e ele colocou a arma na cabeça dela e a levou para o banheiro, também. Mais tarde, outra colega chegou e acabou rendida”, relatou o cabeleireiro.
Ele está na quadra há 20 anos e garante que essa é a primeira vez que o estabelecimento é alvo dos criminosos. Apesar do susto, o comerciante garante que vai manter o salão, mas pretende adotar algumas medidas de segurança, como trabalhar durante a noite com a porta fechada.
“Agradeço por estarmos vivos. Cheguei a oferecer o meu carro pra eles, mas o mais velho olhou e disse: ‘Você deu sorte, otário, não vamos levar o seu carro'”, diz o cabeleireiro. Para ele, se alguém tivesse reagido, tinha morrido. “Com certeza”, acredita.
Outro comerciante da 408 contou, em um grupo de WhatsApp, que foi alvo de uma tentativa de assalto um dia antes da morte de Maria Vanessa, que foi vítima de um latrocínio. O relato é comum. Outros trabalhadores disseram ao Metrópoles que furtos e roubos em lojas das quadras 406 e 407 Norte são frequentes.
Confira imagens do local:
Pelo subsolo, os criminosos conseguiram arrombar pelo menos quatro lojas: uma panificadora, uma copiadora, uma loja de tênis e uma livraria. De acordo com o gerente do Sebinho da 406, Henrique Alves, 38, a onda de furtos e roubos não é recente. Segundo ele, em 2014, homens entraram na loja durante a madrugada e furtaram dois computadores, um celular e a gaveta que ficaria com o dinheiro dos livros. Para o azar dos bandidos, ela estava vazia. No mês de julho, eles tentaram novamente, mas dessa vez nada foi levado.
Assim como o Sebinho, a loja TN Tennis foi furtada também há três anos. E, em maio, sofreu uma tentativa de arrombamento. Para o funcionário da loja Eduardo Rosa Rabello, 43, a segurança no local não é eficaz e os policiais não investigam a fundo porque os lojistas não prestam queixa.
A panificadora C&A do Pão também foi furtada. O crime aconteceu em janeiro, mas até hoje a comerciante Jussara Vieira Avelino, 44, não conseguiu repor as mercadorias levadas e disse que está em débito com uma marca de cigarros. “Um homem arrombou a janela de vidro e depois de fumar alguma coisa, tirou a nossa TV tela plana do lugar e entregou para outro homem. Depois disso eles pegaram mais de R$ 6 mil reais em produtos e foram embora. Estamos em débito com a Malboro cigarros até hoje”, contou.
Outra loja arrombada é a Copiadora Planalto, furtada duas vezes. Uma funcionária que trabalha no estabelecimento há 10 anos disse que a primeira invasão foi em 31 de maio. A outra, duas semanas depois. “Levaram dinheiro dos nossos salários, outro valor que estava guardado, micro-ondas, televisão, ferramentas e notebook. Depois disso, reforçamos a segurança”, afirmou.
Acionada, a Polícia Militar garante que faz rondas constantes na região e que, inclusive, apreendeu diversas vezes o adolescente de 15 anos, acusado de participar do latrocínio de Maria Vanessa. “Empregamos, diuturnamente, duplas de policiamento ostensivo a pé, motopatrulhamento, policiamento ciclístico, viaturas em pontos de demonstração e pontos de bloqueio por toda a Asa Norte”, assegura a corporação.
De acordo com a PM, somente em julho, foram atendidas 509 ocorrências na região. “Como resultado, cerca de 110 pessoas foram presas/apreendidas pelo cometimento de delitos diversos e três veículos produtos de furto/roubo foram localizados. Temos registrado em nosso sistema na quadra citada dois casos de furto a comércio e um de roubo a comércio de janeiro até hoje”, diz outro trecho da nota.