“Pensei que fosse morrer”, desabafa mulher espancada por marido no DF
Estudante acusa companheiro de tê-la agredido na tarde de terça-feira (11/4). Ela foi atacada dentro de casa, em Planaltina
atualizado
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A estudante Eslândia Rodrigues, 26 anos, entrou para a triste e revoltante estatística de uma mulher agredida a cada sete minutos no Brasil. Ela foi vítima de uma sessão de espancamento dentro de casa, em Planaltina, e aponta o companheiro Vinícius Fernando Silva Camargo, 27, como autor da brutalidade.
O caso foi registrado na 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina) e o acusado deverá responder por lesão corporal e ser enquadrado na Lei Maria da Penha. Se condenado, pode pegar de três meses a três anos de cadeia. O Metrópoles não conseguiu contatar Vinícius.
O momento de horror ocorreu no horário de almoço, na terça-feira (11/4). Segundo relatos da vítima, carinhosamente chamada de Nanda por amigos e familiares, Vinícius teria acertado um murro no pescoço, um chute no rosto e aplicado um golpe mata-leão nela após uma discussão banal. O homem teria ficado irritado após ela lhe virar as costas.Segundo a vítima, a força da pressão no pescoço fez com que ela ficasse desacordada por alguns instantes. Ao perceber que a mulher recobrava os sentidos, Vinícius a arrastou pelos cabelos da sala até o quarto, um trajeto de 10m, onde o companheiro teria continuado as agressões. Ele teria batido a cabeça da vítima contra a parede, enforcado e a chutado algumas vezes.
A reportagem apurou que Vinícius tem um longo histórico de violência e confusões, de acordo com registros da Polícia Civil. Ele possui passagens por crimes de lesão corporal, vias de fato, injúria, e pela Lei Maria da Penha. Com exceção de um caso registrado na Asa Sul, todos os outros crimes praticados por Vinícius foram registrados nas duas delegacias de Planaltina.
Mata-leão
Nanda mora com Vinicius e parentes, incluindo seu irmão de apenas oito anos, que presenciou toda a agressão: “Pensei que fosse morrer. Ele me deu um chute no rosto, um mata-leão e outros golpes. Pegou suas roupas, arma e me trancou no quarto.”
Após ser agredida, Nanda conseguiu pedir socorro pela janela do apartamento, localizado na Vila Buritis, em Planaltina. Um funcionário de uma ótica, que fica próxima à residência, ouviu o chamado e acionou a Polícia Militar. Os militares precisaram arrombar a porta de entrada do apartamento e do quarto em que a estudante estava.
Segundo a vítima, essa não é a primeira vez que o companheiro age de maneira agressiva. “Houve uma vez que discutimos e ele deu um murro no guarda-roupa, que acabou quebrando o puxador da porta”, lembrou. O casal estava junto havia seis meses e, desde janeiro, morava na mesma casa. “Ele sempre dizia que ia ser dele, de mais ninguém”, contou a mulher.
O atendimento
Profissionais da 31ª DP levaram a vítima ao Hospital Regional de Planaltina. Em seguida, acabou transferida para o Hospital de Base do DF, onde foi diagnosticada a necessidade de operação para correção do nariz, agendada para a segunda-feira (17). O procedimento será feito no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A vítima ainda sofreu luxação no maxilar.
A irmã da Nanda, Najla Rodrigues, horrorizada com a situação do apartamento, fez um vídeo. Confira:
Femínicídio
A violência contra as mulheres pode ter um fim trágico. Em 9 de março de 2015, uma nova lei alterou o Código Penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio, quando o crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Foi acrescentado como norma explicativa do termo “razões da condição de sexo feminino”, que ocorrerá em duas hipóteses: violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
O Brasil está entre os países com maior índice de assassinatos de mulheres. Com uma taxa de 4,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres, o país ocupa a quinta posição em um ranking de 83 nações, segundo dados do Mapa da Violência 2015.
De acordo com os últimos dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, em 2016 foram registrados 19 feminicídios e 17 tentativas no Distrito Federal. Ceilândia foi a Região Administrativa que mais registrou esse tipo de crime no período, foram quatro, seguido de Samambaia, com três.
As 19 mortes de mulheres representam 3,20% do total de crimes de homicídio ocorridos na capital do país no ano passado.